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‘Gaming disorder’ - Conheça o vício em games

Passar horas em frente às telas de games traz uma série de prejuízos para a saúde. Foto: Freepik
Passar horas em frente às telas de games traz uma série de prejuízos para a saúde. Foto: Freepik

Cintia Magno

A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), levou ao reconhecimento de novas doenças que passaram a fazer parte da vida moderna. É o caso do chamado ‘gaming disorder’, ou vício em games, que passou a ser oficialmente caracterizado como um distúrbio.

De acordo com a OMS, a patologia é descrita como um padrão de comportamento que deve “ser suficientemente grave para que resulte em um prejuízo significativo para o funcionamento de uma pessoa na área pessoal, familiar, social, educativa, profissional ou outras áreas importantes”.

A psicóloga, doutora em saúde mental e fundadora do Instituto Delete, Anna Lucia Spear King, considera que a inclusão do vício em games no CID-11 foi positiva para chamar a atenção da população para o problema. “A Organização Mundial da Saúde passou a considerar o transtorno da dependência de jogos eletrônicos como um transtorno mental, então, foi oficialmente inserido no CID 11, que é a classificação internacional das doenças. Isso foi ótimo para poder alertar toda a população que isso pode se transformar numa dependência e precisar de tratamento”, avalia. “Os pais e adultos que são responsáveis pelos jovens, principalmente pelos jovens menores de idade, têm que ter esse alerta e esse conhecimento para saberem não só dos benefícios da diversão de um jogo, como também dos prejuízos que podem vir a acarretar”.

PRIMEIROS SINAIS

A psicóloga explica que essa condição de dependência de jogos eletrônicos pode ser detectada nos primeiros sinais. É preciso ficar alerta quando, por exemplo, o jovem fica muito tempo trancado num quarto, isolado; quando ele não quer mais sair com os pais ou com os amigos para socializar ou para fazer as refeições à mesa; quando eles começaram a virar a noite jogando e começam a apresentar prejuízos na escola, deixando de entregar trabalhos ou até mesmo dormindo na aula porque não conseguem se concentrar, apresentando prejuízos nas funções executivas que são a atenção, concentração e memória.

“Eles deixam de querer sair da frente do jogo, ficam irritados com os pais ou com alguém que chama eles para sair dali, ou então eles ficam querendo, às vezes, urinar em garrafa PET ou até usam fraldas para não ter que se levantar para ir ao banheiro. Eles ainda podem emagrecer muito porque deixam de comer ou então eles engordam muito porque ficam só comendo besteira na frente da tela para não ter que se levantar para almoçar e fazer uma refeição saudável”, exemplifica Anna Lucia Spear King.

“Então, esses são os sinais de alerta que esse jovem pode apresentar, e eu falo jovem porque, geralmente, é na adolescência e no início da fase adulta que começa a dependência de videogames, por exemplo, ou a dependência de jogos online ou offline na internet”.