Cintia Magno
Caracterizada por uma exaustão emocional diretamente relacionada ao trabalho, a Síndrome de Burnout está cada vez mais presente na vida moderna. De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma), a síndrome atinge mais de 30% dos 100 milhões de trabalhadores brasileiros.
A psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Psicologia Organizacional e do Trabalho, Saiumy Verbicaro, explica que a Síndrome de Burnout é uma resposta prolongada ao estresse crônico no trabalho, que não teve sucesso em ser bem gerenciado. “É caracterizada pela exaustão emocional relacionada às excessivas demandas do exercício do trabalho, sensação de esgotamento de energia; sensação de distanciamento ou estranhamento em relação a si mesmo ou ao próprio trabalho, como se a pessoa sentisse uma desconexão com sua identidade, suas emoções e sua motivação no ambiente profissional; e redução da eficácia profissional, com diminuição da produtividade e desempenho”.
Quando se manifesta, a Síndrome de Burnout pode envolver sinais de alerta e sintomas como cansaço excessivo, que pode ser tanto físico, quanto mental; alterações no apetite e sono; dificuldades de concentração; sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; sentimentos de derrota e desesperança; alterações repentinas de humor; isolamento, além de sintomas físicos como dor de cabeça frequente, fadiga e dores musculares, pressão alta, problemas gastrointestinais e alteração nos batimentos cardíacos, por exemplo.
Saiumy Verbicaro explica que, quando diagnosticada, a síndrome demanda um tratamento que envolve diferentes dimensões. “O tratamento para a Síndrome de Burnout geralmente envolve uma abordagem multidimensional, que pode incluir tanto intervenções psicoterapêuticas, quanto intervenções organizacionais, e, dependendo do nível de gravidade, pode ser necessário acompanhamento psiquiátrico e uso de medicação”, aponta.
Psicoterapia – Essencial no tratamento do Burnout
A psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Psicologia Organizacional e do Trabalho, Saiumy Verbicaro, pontua que “a psicoterapia é essencial no tratamento da Síndrome de Burnout, e no caso da terapia cognitivo-comportamental, é importante para identificar e modificar os pensamentos e comportamentos disfuncionais relacionados ao trabalho, promovendo uma adaptação saudável às demandas profissionais; desenvolver habilidades de enfrentamento e gerenciamento, resolução de problemas, organização de rotina, como de horários, alimentação, atividade física e sono adequado”.
A psicóloga destaca, ainda, que a falta de acompanhamento adequado do problema pode levar a uma piora do quadro de Síndrome de Burnout. “Quando não tratada, a exaustão emocional e o desgaste contínuo podem resultar em complicações adicionais, como agravamento dos sintomas, maior dificuldade em se recuperar emocionalmente e menor capacidade de lidar com o estresse. É importante buscar ajuda profissional o mais cedo possível para evitar a progressão da síndrome e promover a recuperação”.
Antes que se observe os primeiros sinais, porém, o ideal é prevenir o surgimento da Síndrome de Burnout, o que pode ser feito em diferentes níveis, não apenas pelo trabalhador, quanto a nível organizacional. “A prevenção da Síndrome de Burnout envolve ações tanto no âmbito individual quanto organizacional. No nível individual, é essencial desenvolver habilidades de autorregulação emocional, estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal, praticar técnicas de relaxamento e autocuidado, como exercícios físicos, meditação e inclusão de atividades prazerosas na rotina diária”, explica Saiumy Verbicaro.
“No nível organizacional, é fundamental promover um ambiente de trabalho saudável, com políticas de apoio ao bem-estar dos colaboradores, incentivo ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, gerenciamento adequado das demandas e reconhecimento do desempenho. Além disso, programas de treinamento em gerenciamento de estresse e resiliência podem ser implementados para fornecer recursos aos funcionários no enfrentamento das pressões laborais”.
PARA ENTENDER – SÍNDROME DE BURNOUT
A Síndrome de Burnout é identificada como um fenômeno ocupacional pela 11ª Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), da Organização Mundial da Saúde (OMS), e conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso.
Ainda segundo a CID-11, a síndrome é caracterizada por três dimensões:
*sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
*aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e
*redução da eficácia profissional.
* A burnout se refere especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicada para descrever experiências em outras áreas da vida.
Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
BURNOUT SEM MISTÉRIO
SINTOMAS
Os principais sinais e sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são:
*Cansaço excessivo, físico e mental;
*Dor de cabeça frequente;
*Alterações no apetite;
*Insônia;
*Dificuldades de concentração;
*Sentimentos de fracasso e insegurança;
*Negatividade constante;
*Sentimentos de derrota e desesperança;
*Sentimentos de incompetência;
*Alterações repentinas de humor;
*Isolamento;
*Fadiga.
*Pressão alta.
*Dores musculares.
*Problemas gastrointestinais.
*Alteração nos batimentos cardíacos.
Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Por essa razão, muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro. Para evitar problemas mais sérios e complicações da doença, é fundamental buscar apoio profissional assim que notar qualquer sinal. Pode ser algo passageiro, como pode ser o início da Síndrome de Burnout.
PREVENÇÃO
A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout são estratégias que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início. As principais formas de prevenir a Síndrome de Burnout são:
*Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal;
*Participe de atividades de lazer com amigos e familiares;
*Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema;
*Evite o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros;
*Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo;
*Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc;
*Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental;
*Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
Fonte: Ministério da Saúde.