Cintia Magno
Isolado pela primeira vez no Brasil durante a construção da rodovia Belém-Brasília, ainda em 1960, o arbovírus Orthobunyavirus oropoucheense é o causador da chamada Febre do Oropouche. A doença que, a partir de então, foi responsável pela ocorrência de casos isolados e surtos relatados no Brasil, costuma apresentar sintomas comuns a outras arboviroses, como dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
O coordenador estadual de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Marcos Moraes dos Prazeres, explica que a Febre do Oropouche tem como principal vetor o mosquito Culicoides paraenses, mais conhecido como Maruim. “O vírus possui ciclo de transmissão tanto silvestre, quanto urbano e o principal vetor é bem distribuído nos dois ambientes, principalmente onde há disponibilidade de umidade e matéria orgânica”.
Nesse sentido, Marcos aponta que uma das principais formas de prevenção à doença é evitar o contato com o mosquito. “É possível se prevenir contra a Febre do Oropouche evitando o contato com o Maruim, fazendo uso de roupas protetoras como calças e blusas de mangas longas e utilizando também repelente”, aponta, ao também citar ações de controle do mosquito. “Como forma de evitar a proliferação dos maruins, é importante manter o ambiente sempre limpo, sem acúmulo de matéria orgânica, como folhas, cascas de frutas e excrementos de animais, além de lixos e entulhos”.
Além dos sintomas como o quadro febril agudo, dores no corpo e dores de cabeça, ele aponta que a doença também pode ocasionar outros sintomas característicos. “O Oropouche pode causar fotofobia e retorno do quadro sintomático mais brando de dois a 10 dias após o final do primeiro quadro febril”.
Para que seja possível manter o controle da doença, o Ministério da Saúde aponta que todo caso com diagnóstico de infecção por Febre do Oropouche no país deve ser notificado. “A FO [Febre do Oropouche] compõe a lista de doenças de notificação compulsória, classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública”.
POR DENTRO DA FEBRE DO OROPOUCHE
HISTÓRICO
De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus causador da Febre do Oropouche foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica.
TRANSMISSÃO
A transmissão da Febre Oropouche é feita principalmente por mosquitos. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
CICLO
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da Febre do Oropouche:
Ciclo Silvestre: Nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.
SINTOMAS
Os sintomas da Febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Neste sentido, é importante que profissionais da área de vigilância em saúde sejam capazes de diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e orientar as ações de prevenção e controle.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O diagnóstico da Febre do Oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial. Todo caso com diagnóstico de infecção pelo vírus Oropouche deve ser notificado. Uma vez diagnosticado, o paciente acometido com a Febre do Oropouche deve manter repouso, sendo tradados os sintomas mediante acompanhamento médico, já que não existe tratamento específico para a doença.
PREVENÇÃO
Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível.
Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele.
Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.
Fonte: Ministério da Saúde.
EM NÚMEROS
- 3.531 amostras de sangue analisadas pelo Ministério da Saúde tiveram diagnóstico laboratorial de biologia molecular detectável para o vírus Oropouche até a 15ª Semana Epidemiológica de 2024, que encerrou em 13 de abril deste ano.
- 98,3% dos casos registrados no país em 2024 se concentraram na região amazônica, considerada endêmica.
- Estados requisitantes do diagnóstico biomolecular para o vírus Oropouche em 2024
1. Amazonas – 2.717
2. Rondônia – 601
3. Acre – 127
4. Bahia – 54
5. Pará – 22
6. Piauí – 5
7. Roraima – 5
8. Total – 3.531
Fonte: Informe Semanal do Centro de Operações de Emergências (COE) do Ministério da Saúde. Edição nº10 | SE 01 a 15/2024. Dados atualizados em 16/04/2024.