
Uma inovação científica promete transformar a forma como o câncer colorretal é diagnosticado. Pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, desenvolveram um exame de fezes não invasivo, apoiado por inteligência artificial, capaz de identificar até 90% dos casos da doença – índice próximo ao da colonoscopia, considerada padrão-ouro na detecção. A descoberta foi publicada em 17 de setembro na revista científica Cell Host & Microbe.
O trabalho, liderado pelo biólogo e estatístico Matija Trickovic, traz resultados impressionantes pela proximidade com a colonoscopia. “Nosso método detectou 90% dos casos de câncer. O resultado é muito próximo da taxa de 94% de detecção obtida por colonoscopias e melhor do que todos os atuais métodos de detecção não invasiva”, afirmou.
A pesquisa nasceu a partir da análise de dados em larga escala sobre a microbiota intestinal humana. “O desafio era criar uma abordagem inovadora para a análise de dados em massa. Desenvolvemos com sucesso o primeiro catálogo abrangente de subespécies da microbiota intestinal humana, junto a um método preciso para usá-lo para detectar o câncer colorretal”, explicou.
O exame padrão de detecção: a colonoscopia
Apesar do câncer colorretal está entre os que mais crescem no mundo, a adesão ao exame padrão de detecção, a colonoscopia, ainda é baixa. Realizado a cada cinco ou dez anos, dependendo do histórico do paciente, o procedimento costuma ser adiado ou evitado. A colonoscopia é um exame de imagem que permite visualizar o intestino grosso (cólon); para isso, é usado um colonoscópio, um tubo fino e flexível com uma luz e uma câmera na ponta.
Como funciona o novo exame
A pesquisa utilizou algoritmos de inteligência artificial para mapear subespécies de bactérias intestinais. Determinados desequilíbrios, quando presentes, são característicos de lesões tumorais. Com base nesse mapeamento, os cientistas montaram um catálogo detalhado da microbiota intestinal que serve como ferramenta de rastreio.
Descobertas e Aplicações do Exame de Fezes
De acordo com os pesquisadores, o exame é simples, de baixo custo e poderia ser incorporado aos testes de fezes já realizados rotineiramente. Até agora, os resultados foram obtidos em estudos de laboratório, mas ensaios clínicos já estão em andamento nos Hospitais Universitários de Genebra. A expectativa é que, além de detectar tumores em estágio inicial, a técnica também consiga identificar pólipos pré-cancerosos, possibilitando intervenções mais precoces.
Sintomas e Prevenção do Câncer Colorretal
O câncer de intestino, ou colorretal, é um dos tipos que mais cresce no mundo e figura entre as principais causas de morte por câncer. Surge a partir da multiplicação descontrolada de células no cólon ou no reto. Embora muitas vezes não apresente sintomas na fase inicial, sinais como sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, cólicas, anemia, fadiga, perda de peso sem explicação e sensação de evacuação incompleta devem ser investigados.
Rastreamento e Fatores de Risco
A colonoscopia ainda é o exame mais recomendado, principalmente a partir dos 50 anos ou dos 40 em pessoas com histórico familiar da doença. A pesquisa de sangue oculto nas fezes também é utilizada como rastreamento complementar. Entre os fatores de risco estão o consumo excessivo de ultraprocessados e carnes processadas, o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo.
Por outro lado, manter uma dieta equilibrada e praticar atividade física regularmente ajudam a reduzir as chances de desenvolvimento da doença e contribuem para uma melhor recuperação em caso de tratamento.