
Um estudo divulgado nesta terça-feira, 4, pela Universidade de Stanford, sob a liderança do neurocientista David Eagleman, esclarece por que as pessoas não conseguem fazer cócegas em si mesmas. A pesquisa aponta que o cérebro humano antecipa o toque autoinduzido, atenuando a resposta sensorial e tornando a sensação de cócegas autogeradas quase imperceptível.
O fenômeno, conhecido como “cópia de eferência”, ocorre porque o cérebro não só reage ao presente mas também prevê eventos futuros. Assim, ao tentar fazer cócegas em si mesmo, o sistema nervoso antecipa o estímulo e diminui sua resposta. Esse mecanismo permite ao cérebro ignorar estímulos previsíveis, concentrando-se em eventos inesperados. Diferentemente, quando outra pessoa faz cócegas, o toque inesperado ativa áreas cerebrais associadas à surpresa e ao riso involuntário.
A pesquisa detalha que, a cada movimento realizado, o cérebro envia um comando aos músculos e, simultaneamente, uma notificação antecipada às áreas responsáveis pelas sensações. Esse aviso prévio evita que o corpo reaja com surpresa às próprias ações. Por exemplo, ao pegar um lápis, o cérebro prepara o córtex somatossensorial e o córtex visual para o toque e a visão esperados do objeto.
Além disso, o estudo destaca a importância de ignorar estímulos previsíveis para priorizar o que pode ser relevante ou representar uma ameaça. David Schneider, neurocientista da Universidade de Nova York, enfatiza a habilidade do cérebro em detectar mudanças inesperadas, crucial para a sobrevivência. Pesquisas com camundongos revelam que seus cérebros quase não reagem ao som de seus próprios passos, mas respondem intensamente a ruídos idênticos de fontes externas.