APÓS FALA DE TRUMP

Entenda o que é paracetamol e por que médicos rejeitam ligação com autismo

Declaração do presidente americano contradiz comunidade científica; no Brasil, medicamento é amplamente utilizado para dores e febres leves

Declaração do presidente americano contradiz comunidade científica; no Brasil, medicamento é amplamente utilizado para dores e febres leves
Declaração do presidente americano contradiz comunidade científica; no Brasil, medicamento é amplamente utilizado para dores e febres leves

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar controvérsia ao associar o uso de paracetamol — especialmente durante a gravidez — ao risco de autismo em crianças. A afirmação foi feita durante um pronunciamento na Casa Branca, nesta segunda-feira (22), acompanhado do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e sem apresentar qualquer evidência científica para embasá-la.

A declaração foi amplamente criticada por médicos e especialistas, que alertaram para os perigos da desinformação, especialmente entre gestantes. A Sociedade de Medicina Materno-Fetal e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas classificaram a fala como irresponsável, destacando que não existe comprovação científica de que o paracetamol cause autismo.

Apesar das declarações de Trump, o medicamento continua sendo considerado seguro e é amplamente recomendado por profissionais da saúde no tratamento de dores leves a moderadas e febre, inclusive no Brasil.


O que é o paracetamol e para que serve?

O paracetamol é um dos medicamentos mais populares no Brasil e no mundo. Amplamente utilizado para aliviar dores comuns, como dor de cabeça, cólicas, dores musculares e febre, ele é um analgésico e antitérmico de ação rápida — geralmente começa a agir entre 15 e 30 minutos após a ingestão.

Apesar de sua ação ser semelhante à de anti-inflamatórios, o paracetamol tem uma característica única: atua bloqueando a enzima COX-2, que está envolvida nos processos que provocam dor e aumento da temperatura corporal.

É um medicamento considerado seguro quando utilizado corretamente, mas, como qualquer outro remédio, requer atenção à dose e à frequência de uso.


Por que o paracetamol é tão usado no Brasil?

No país, o paracetamol é classificado como Medicamento Isento de Prescrição (MIP), o que significa que pode ser comprado sem receita médica. É a escolha de muitos brasileiros para o alívio rápido de sintomas associados a gripes, resfriados e desconfortos do dia a dia.

Além disso, o medicamento é amplamente incluído em antigripais populares, que combinam o paracetamol com outros ativos para aliviar diversos sintomas de uma só vez.


Quando tomar paracetamol?

O paracetamol é indicado para tratar sintomas como:

  • febre;
  • dor de cabeça;
  • dor de dente;
  • dores no corpo;
  • dores menstruais;
  • dores causadas por resfriados e gripes.

No entanto, não deve ser usado por mais de três dias consecutivos sem orientação médica, e é essencial respeitar a dosagem máxima diária para evitar danos ao fígado ou aos rins.


Quem deve evitar o uso?

Embora seja seguro para a maioria das pessoas, o paracetamol tem contraindicações importantes. Não devem usá-lo:

  • pessoas alérgicas ao princípio ativo;
  • quem já atingiu o limite diário de consumo;
  • quem está tomando outros medicamentos com paracetamol;
  • fumantes, grávidas e pessoas com problemas no fígado ou rins — sem avaliação médica prévia.

O medicamento também não deve ser administrado a bebês com menos de 3 meses ou crianças com menos de 12 anos, a menos que sob orientação médica.


Possíveis efeitos colaterais

Em doses corretas, o paracetamol é bem tolerado. Porém, em casos de uso excessivo ou inadequado, podem ocorrer:

  • reações alérgicas (inchaços ou erupções cutâneas);
  • irritações na pele;
  • alterações sanguíneas;
  • lesões no fígado e nos rins.

O que dizem os especialistas

Apesar da tentativa de Donald Trump de associar o paracetamol ao autismo, nenhuma agência de saúde respeitada — incluindo a própria FDA (Food and Drug Administration) — apoia essa hipótese. A Kenvue, fabricante do Tylenol (versão mais conhecida do medicamento nos EUA), declarou que “a ciência sólida mostra claramente que tomar paracetamol não causa autismo”.

No Brasil, o medicamento continua sendo amplamente utilizado e recomendado. Ainda assim, é fundamental que o uso seja consciente e orientado por profissionais de saúde — especialmente no caso de gestantes, crianças e pessoas com condições clínicas específicas.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.