
O Brasil alcançou, em 2024, um marco histórico na área da saúde: mais de 30 mil transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), número que representa um aumento de 18% em relação a 2022. O avanço reforça a posição do país como referência mundial em doação pública de órgãos, com cerca de 85% dos procedimentos realizados de forma gratuita pela rede pública. Apesar do crescimento, a fila de espera ainda é longa: mais de 78 mil brasileiros aguardam pela chance de um novo órgão.
Os dados do Ministério da Saúde (MS) mostram os mais demandados em 2024: rim (42.838), Córnea (32.349) e Fígado (2.387). Já os órgãos mais transplantadores foram: córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454). Essa realidade só é possível graças a um gesto simples, mas transformador: o “sim” das famílias no momento da doação.
Como ocorre a doação?
A doação de órgãos ocorre quando, após a confirmação da morte encefálica, os familiares autorizam que os órgãos do paciente sejam disponibilizados para transplante. Nesse processo, não há custos para a família, nem deformidades no corpo do doador, que é preparado para o velório normalmente. A legislação brasileira determina que apenas a família pode dar o consentimento, mesmo que a pessoa em vida tenha expressado o desejo de doar. Por isso, comunicar essa vontade aos parentes é fundamental.
O que pode ser doado?
Podem ser doados coração, fígado, pulmões, intestino, pâncreas e rins; além de órgãos, medula óssea e tecidos, como a córnea, pele, ossos e valvas cardíacas.
Doador de órgãos vivo
Também há a possibilidade da chamada doação em vida, que permite doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea, desde que haja compatibilidade sanguínea e não haja riscos graves à saúde do doador. Pela lei, apenas parentes até o quarto grau e cônjuges podem fazer essa doação; pessoas sem parentesco precisam de autorização judicial.
Critérios para a doação
Existem, ainda, critérios para que a doação ocorra: é necessário conhecer a causa da morte e descartar doenças infecciosas ativas, por exemplo. Não podem ser doadores pessoas sem documentação ou menores de 18 anos sem a autorização dos responsáveis. No caso da doação em vida, todo o processo é acompanhado por equipe médica, que avalia a saúde do voluntário e explica os riscos de uma cirurgia com anestesia geral.
Quem pode receber os órgãos?
Apenas na doação em vida pode-se escolher o receptor, desde que atendida à legislação vigente. Em morte, a escolha de quem recebe os órgãos não cabe à família do doador. Os receptores são definidos pela lista única de espera administrada pela Central Estadual de Transplantes (CET), que organiza os pacientes de acordo com critérios técnicos e de compatibilidade.
Afinal, o que preciso fazer para ser um doador?
A lei brasileira exige o consentimento da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante. Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que sua família atenda ao seu pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.
Há custos para a família do doador?
Não. Todo o processo é feito gratuitamente pelo SUS.