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Doenças Tropicais: No Brasil, 30 milhões estão em risco

A hanseníase é uma das doenças que desafiam a saúde no Brasil. Foto: Jamille Leão/ Ascom Sespa
A hanseníase é uma das doenças que desafiam a saúde no Brasil. Foto: Jamille Leão/ Ascom Sespa

Cintia Magno

Mais de 1,7 bilhão de pessoas que vivem em comunidades pobres e marginalizadas em todo o mundo têm a saúde e a vida ameaçada pelas chamadas Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), segundo aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as graves consequências que podem ser ocasionadas por esse grupo de mais de 20 doenças, estão agravos que podem incapacitar e impactar diretamente não apenas na saúde física, mas também na possibilidade de desenvolvimento escolar, na empregabilidade e, consequentemente, nos meios de sustento.

No Brasil, de acordo com estimativa do Ministério da Saúde, cerca de 30 milhões de pessoas vivem sob o risco das DTNs, sendo as mais comumente registradas no país a doença de Chagas, a esquistossomose, filariose linfática, hanseníase, leishmaniose visceral, leishmaniose tegumentar, oncocercose, raiva humana, tracoma e acidente ofídico.

Como parte do compromisso assumido pelo Brasil no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Ministério da Saúde lançou, neste ano, o Boletim Epidemiológico Doenças Negligenciadas no Brasil, que aponta que no período de 2016 a 2020 foram registrados 583.960 casos de Doenças Tropicais Negligenciadas no país, uma média anual de 116.729 casos.

Ainda de acordo com o boletim, no período de 2016 a 2020, dentre todos os Estados brasileiros, 16 apresentaram taxas de detecção de casos por DTNs (por 100.000 habitantes) superiores à verificada no Brasil. Entre eles, os três estados com as maiores taxas registradas no país integram a Amazônia Legal: Roraima, Tocantins e Mato Grosso. E os demais estados que compõem a região – Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Maranhão e Amapá – também estão entre os 16.

No que se refere aos óbitos, em todo o país, a taxa de mortalidade específica por DTNs como causa múltipla foi de 3,92 óbitos por 100 mil habitantes, o equivalente a 40.857 óbitos, uma média anual de 8.171. Entre as regiões, a que concentrou o maior percentual desses óbitos foi a Região Sudeste, com 41,9% dos casos, seguida pelo Nordeste (28,4%), pelo Nordeste (28,4%); pelo Centro-Oeste (21,2%), pelo Sul (4,4%) e pelo Norte (4,2%).

Entre os Estados, nove apresentaram taxa de mortalidade específica por DTNs (como causa múltipla) acima da média do Brasil (3,92) no período de 2016 a 2020, foram eles Goiás (19,85), Distrito Federal (15,87), Tocantins (9,08), Alagoas (7,44), Minas Gerais (7,06), Bahia (6,85), Pernambuco (5,46), Mato Grosso (4,12) e Sergipe (4,01). O Estado do Pará apresentou uma taxa de mortalidade abaixo da registrada no país, 1,84.