Cintia Magno
Desencadeada pela exposição ao glúten – tipo de proteína encontrada no trigo, na cevada e no centeio -, a doença celíaca também está inserida no grupo das doenças autoimunes. Quando um indivíduo tem a doença, o seu sistema imunológico acaba apresentando uma reação exagerada ao glúten, podendo ocasionar reações como diarreia, deficiência de vitaminas e até mesmo ocasionar dificuldade de desenvolvimento em crianças.
O gastroenterologista e Membro Titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Dr. Dayus Portela Gonçalves, explica que a doença celíaca é uma enteropatia autoimune que é desencadeada pela exposição ao glúten e que advém de um fator genético. “É autoimune justamente porque desencadeia uma resposta mais exacerbada ao glúten. Ela gera um aumento de permeabilidade intestinal e vai gerar uma cascata de inflamação. É a patologia autoimune mais comum do trato gastrointestinal”.
Para que uma pessoa desenvolva a doença, ela precisa ter predisposição genética a ela. A forma mais clássica de manifestação da doença é a síndrome da má absorção e, por isso, os principais sinais da doença costumam envolver diarreia, dor abdominal, distensão abdominal, flatulência e deficiências nutricionais.
“Por isso que a gente vê que acontecem muitos diagnósticos na infância, são aquelas crianças que têm um déficit de crescimento. Por isso é importante diagnosticar o mais cedo possível”, relaciona. “Tem algumas formas mais atípicas também, como os casos daqueles pacientes que não apresentam muito a diarreia e nem distensão abdominal. Apresentam só aquela fadiga, aquele mal-estar”.
Alterações intestinais são os principais incômodos
Em outros casos, o gastroenterologista e Membro Titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Dr. Dayus Portela Gonçalves aponta que o paciente até apresenta sorologia positiva para doença celíaca, mas não tem nenhuma outra alteração, ou seja, não apresenta sintomas. De todo modo, nos adultos, na maioria dos casos, a doença costuma se manifestar através de alterações do hábito intestinal. “Existem também alguns sintomas que são extra intestinais, que pode ser uma enxaqueca, uma crise convulsiva, outras questões da tireoide, alteração na função hepática, na pele”.
Para ter certeza de que se trata de doença celíaca, existem alguns exames laboratoriais que auxiliam no diagnóstico.
“Existem alguns exames laboratoriais que a gente usa como rastreio. Então, a gente vai pedir os autoanticorpos. Se esses exames derem positivos, você já está diante de um paciente com doença celíaca. Se eles derem negativo e o paciente ainda tem uma química muito forte, pode fazer a endoscopia digestiva alta com a punção, com a biópsia. Também tem os testes genéticos que conseguem dar a certeza do diagnóstico de doença celíaca”, aponta, ao falar também sobre o tratamento que é iniciado após o diagnóstico.
“O tratamento é retirar o glúten da dieta. A pessoa tem que fazer uma dieta livre de glúten. Hoje em dia já existem vários alimentos prontos, livres de glúten, então, dá para fazer. Mas é lógico que é uma dieta chata, bem restritiva, então, os pacientes vão se adaptando e vendo quanto ele consegue comer, o que ele consegue comer em relação aos sintomas que ele tem. A maioria dos sintomas vai melhorando com a dieta zerada de glúten”.
O gastroenterologista alerta, ainda, que a adoção de uma dieta sem glúten assim que ocorre o diagnóstico de doença celíaca é ainda mais importante no caso das crianças, por causa do crescimento. “Se instituir uma doença livre de glúten desde o diagnóstico, a criança consegue se desenvolver melhor”.