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Dirigir manuseando o celular pode comprometer o cérebro. Entenda!

Dependendo da extensão do acidente, o paciente pode apresentar traumas gravíssimos no cérebro, com risco de sequelas irreversíveis e até a morte. Foto: Divulgação
Dependendo da extensão do acidente, o paciente pode apresentar traumas gravíssimos no cérebro, com risco de sequelas irreversíveis e até a morte. Foto: Divulgação

Dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) apontam  que o uso do celular pelo motorista, enquanto está dirigindo, é responsável por mais de 50% dos acidentes de trânsito no Brasil, sendo a terceira maior causa de morte no trânsito. A maioria dos condutores está na faixa etária de 20 a 39 anos. A infração também está na lista da FAC (falhas de atenção ao conduzir) que é a principal causa de acidentes.

“O nosso cérebro é programado para ter atenção em uma coisa só. Se você dirige e usa o celular ao mesmo tempo, o seu nível de atenção no trânsito diminui consideravelmente. É como se você dirigisse de olhos vendados. O carro anda e você nem percebe o que está ocorrendo ao seu redor”, alerta o neurocirurgião Daniel Serfaty, especialista em neurocirurgia geral, vascular, de base de crânio e cirurgia da coluna vertebral.

Além de ser considerada infração gravíssima pelo Código Brasileiro de Trânsito (CBT), com multa de até R$ 293,47, usar o celular enquanto dirige acarreta grande risco não só para o condutor do veículo, mas para quem está no entorno, podendo causar sequelas irreversíveis e até a morte das vítimas.

De acordo com o neurocirurgião, os acidentes automobilísticos, em geral, causam ao condutor múltiplos traumatismo, ou seja, afetam o corpo todo. Os principais são os traumas ortopédicos, lesões medulares da coluna (causadas pelo efeito de chicote que a cabeça faz diante de uma freada brusca), traumatismo craniano, fraturas, luxações e ainda lesões internas no tórax, abdome, podendo ocasionar a temida hemorragia interna.

Ele explica que as sequelas dependem da gravidade do quadro. “Se for uma lesão parcial, o paciente pode reverter totalmente. Mas se for algo grave, como  sangramento cerebral importante, edema cerebral medular, luxação cervical significativa, aí a recuperação é bem mais lenta e mais difícil, podendo o paciente até morrer”, destaca.

O especialista conta que tem tratado de inúmeros pacientes vítimas de acidentes causados pelo uso do celular ao volante. Ele lembra que um dos mais graves foi o de um homem que precisou ficar quase seis meses internado. “Esse paciente teve lesões profundas no cérebro, que acabaram comprometendo seu nível de consciência por um período prolongado. Ele recebeu alta, mas foi para casa com sequelas neurológicas graves.”, salienta.

E para piorar a situação, o uso descontrolado do celular ao volante tem aumentado com o advento dos transportes por aplicativo e com os serviços de entrega (delivery) feito por motociclistas e ciclistas.