RIO(AG) – Comer uma dieta vegana com baixo teor de gordura reduz em 73% os compostos inflamatórios prejudiciais da dieta, chamados produtos finais de glicação avançada (AGEs), e proporciona uma perda média de peso de 5,8 kg, em comparação com nenhuma alteração no peso ou nesses compostos para quem segue uma dieta mediterrânea. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista Frontiers in Nutrition.
“O estudo ajuda a acabar com o mito de que uma dieta mediterrânea é melhor para perda de peso”, diz a principal autora do estudo, a médica Hana Kahleova, diretora de pesquisa clínica do Comitê de Médicos para Medicina Responsável, em comunicado.
“Escolher uma dieta vegana com baixo teor de gordura, que evite laticínios e óleos tão comuns na dieta mediterrânea, ajuda a reduzir a ingestão de produtos finais prejudiciais de glicação avançada, levando a uma perda significativa de peso”, completa.
A nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), que não participou do estudo, explica que a dieta mediterrânea não tem como objetivo a perda de peso, e sim proporcionar uma longevidade saudável.
– Com base nas evidências que existem hoje, não há dúvida nenhuma que o padrão mediterrâneo de alimentação é aquele que oferece um envelhecimento mais saudável no longo prazo – pontua a médica.
A nova pesquisa é uma análise secundária de um estudo anterior do Comitê de Médicos que comparou uma dieta vegana com baixo teor de gordura a uma dieta mediterrânea. O estudo distribuiu aleatoriamente os participantes para uma dieta vegana com baixo teor de gordura, que consistia em frutas, vegetais, grãos e feijões, ou uma dieta mediterrânea, que se concentrava em frutas, vegetais, legumes, peixe, laticínios com baixo teor de gordura e azeite extra virgem, durante 16 semanas. Nenhum dos grupos tinha limite de calorias.
Os participantes então voltaram às suas dietas iniciais por um período de quatro semanas, antes de mudarem para o grupo oposto de alimentação por mais 16 semanas. Ou seja, quem havia feito uma dieta vegana no primeiro ciclo de 16 semanas, seguiria uma dieta mediterrânea pelo mesmo período e vice-versa. Os AGEs dietéticos foram calculados com base em registros de ingestão alimentar relatados pelos participantes.
Segundo Garcez, a formação desses AGEs está associada ao consumo de açúcar (encontrado em carboidratos) e gordura, principalmente as saturadas (encontradas em produtos de origem animal) e nas modificadas, como gorduras trans. Esses compostos estão associados à prejuízos para a saúde como resistência à insulina, o que pode levar ao ganho de peso, inflamação e estresse oxidativo, que contribuem para doenças crônicas.