Apesar dos sintomas comuns, que todo mundo conhece, sobre problemas intestinais, como diarreia, constipação e afins, existem também muitas doenças intestinais silenciosas. Segundo a biomédica e nutricionista Maria Viana, o paciente às vezes nem percebe que passa por esse tipo de enfermidade.
“Ele já se acostumou com o funcionamento intestinal dele daquela forma. A má formação desse bolo fecal, a irregularidade. Ele não associa isso. Basicamente, se eu tenho esse grau todo de desorganização do organismo, eu tenho uma alimentação que favorece muito”, pontua.
“Aí eu bato de novo na tecla dos ultraprocessados, dos açúcares refinados, dos alimentos que são muito modificados pela indústria. A vida moderna muitas das vezes impõe isso na gente, essa praticidade. Não são todos os alimentos com esse intuito que são ruins. Já existem alimentos mais bem estruturados na tecnologia de alimentos, mas a maioria ainda bate em alimentos pobres em nutrição, pobres em componentes que nutrem a nossa microbiota”, constata. “Isso favorece essas doenças inflamatórias não só locais no intestino, mas sistêmicas de maneira geral”.
RECEITAS PRÁTICAS
Nesse sentido, variar o cardápio com alimentos saudáveis pode soar repetitivo, mas é uma realidade que se deve botar em prática. “A gente fala muito da aveia para a saúde intestinal. Eu posso usá-la desde formas simples, por cima de uma fruta, por exemplo, num mingau, como muita gente gosta. Mas eu posso fazer um ‘overnight’, que favorece a vida prática no outro dia. Então, pegue uma base de leite ou uma base de iogurte, ou uma base de leite vegano: leite de coco, leite de amêndoas. Coloque a aveia. A melhor aveia é o farelo de aveia, é a forma mais íntegra, mas pode ser aveia em flocos, flocos finos, flocos grossos”, ensina.
“Coloco ali uma fruta que eu gosto, maçã, uva. Coloco chia e deixo de noite na geladeira. No outro dia eu só pego esse potinho e já levo na minha bolsa para o trabalho. Já é uma refeição intermediária interessante”.
Outra dica da nutricionista é pegar a aveia e bater com ovos e fazer uma panqueca, tanto numa base salgada, com recheio de frango desfiado, de atum, ou numa base doce, com recheio de geleia de frutas sem açúcar ou banana com canela, por exemplo. “Essas receitinhas são práticas, mas deixam o mesmo alimento ser consumido de formas diferentes de utilizar”.
LEGUMES
Outra dica é variar a utilização dos legumes, seja para crianças, seja para aquela pessoa que não gosta muito de salada. “Então, por exemplo, se vou usar abobrinha, cenoura, posso fazer em rodelas, assada de forno, como se fosse uma mini pizza, temperadinha com azeite, orégano, colocar um pouquinho de molho de tomate e parmesão ralado por cima”, detalha.
“Tanto a abobrinha quanto a berinjela ficam interessantes assim, ou então posso cortar essa abobrinha, a cenoura, na forma de espaguete e utilizar com molho de tomate, parmesão ralado, acompanhado de frango, filé de peixe, carne moída. É uma forma interessante da gente consumir legumes sem ficar muito também com aquela cara já de a mesma salada de sempre”.
Maria Viana conta que costuma incentivar seus pacientes a saírem da mesmice na hora de se alimentar. “Prove legumes que nunca provou. No supermercado, compre folha que não sabe nem o nome, utilize os nossos produtos regionais com mais frequência, o jambu de uma forma variada. Por que não fazer um omelete com jambu? Por que não colocar o jambu no arroz? Por que não fazer uma salada com jambu? Pode ser o jambu cru, pode ser o jambu cozido. Muita gente não sabe dessa forma de utilizar e é um vegetal riquíssimo”.