Wesley Costa
O descarte irregular de medicamentos é um problema mais comum do que se imagina e que traz sérias consequências, seja para o meio ambiente quanto para a saúde pública. Quando medicamentos são descartados de maneira inadequada como, por exemplo, no lixo comum, em pias ou vasos sanitários, eles podem ter impactos negativos e significativos em vários aspectos.
No ponto de vista ambiental, esse descarte inadequado contribui para a contaminação do solo, da água e dos ecossistemas aquáticos. “Os produtos químicos presentes nos medicamentos podem atingir lençóis freáticos, poluindo a água potável e afetando negativamente rios e lagos. Essa contaminação leva a efeitos devastadores, desequilibrando ecossistemas e prejudicando a biodiversidade”, destacou o farmacêutico Renato Cavalcante.
Além disso, o descarte inadequado de medicamentos também pode contribuir para o aumento da resistência antimicrobiana. “Quando os resíduos de medicamentos entram em contato com bactérias presentes nos ambientes, elas podem desenvolver resistência aos princípios ativos dos medicamentos. Isso torna as infecções mais difíceis de tratar, aumentando a morbidade e a mortalidade associadas a doenças anteriormente tratáveis”, alertou.
Quando se pensa na saúde pública, o descarte errado de medicamentos resulta em acesso indevido a essas substâncias, já que outras pessoas podem encontrá-los e utilizar sem nenhuma orientação médica, colocando a vida em risco. “Aqueles medicamentos que chamamos de OTC, ou seja, que podem ser vendidos sem receita, são os que possuem maior incidência de descarte irregular e consequentemente, que aumentam as chances de intoxicação e outras reações adversas”, aponta Renato.
O farmacêutico lembra que existem maneiras adequadas de fazer o descarte das medicações. “Hoje, temos a lei estadual de número 9.898, de 28 de abril de 2023, que obriga os estabelecimentos farmacêuticos a manter um ponto de recolhimento de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso. Então, as farmácias contratam empresas especialistas nessa logística para dar um destino ambiental adequado onde, geralmente, ocorre a incineração dos componentes”, explicou.
Educação
Por fim, Renato Cavalcante diz que ainda é preciso fortalecer a veiculação de informações sobre os riscos de descartar as medicações de qualquer forma. “Essa educação deve iniciar ainda com os profissionais de saúde, explicando aos seus pacientes como fazer esse descarte quando a medicação não se fizer mais necessária. O tema também precisa ser ainda mais debatido e divulgado nas mídias tradicionais de comunicação e nas plataformas digitais para que mais pessoas tomem consciência dos danos que podem causar quando não há esse cuidado”, reforça.