ANDREZA DE OLIVEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sinal de afeto e, principalmente, de desejo por outra pessoa, cada troca de saliva do beijo é capaz de transmitir milhares de bactérias. De mononucleose a algumas infecções sexualmente transmissíveis e até meningite, a intensidade da prática pode provocar ainda surdez. Mas não há motivo para pânico se tudo for feito de forma responsável.
Comemorado neste sábado (13), o dia do beijo tem origem incerta e especulação curiosa. A mais famosa das lendas diz que tudo começou na Itália, quando um jovem chamado Enrique Porchelo teria beijado todas as mulheres do vilarejo onde vivia. Cansado do burburinho, o padre da vila ofereceu, no dia 13 de abril de 1882, moedas de ouro para a primeira mulher que dissesse não ter sido beijada por ele, mas ninguém nunca apareceu para resgatar o prêmio.
Diferente da lenda, os riscos causados pelo beijo são reais e, com o tempo, constatou-se que a prática, apesar de prazerosa, pode provocar a transmissão de vírus, como o da Covid, enterovírus (que ataca a região gástrica) e influenza (o da gripe), e até o desenvolvimento de algumas doenças, como herpes e a mononucleose, popularmente conhecida como a “doença do beijo”.
Médica infectologista, Luisa Pereira diz, no entanto, que não há contraindicações para se encontrar com alguém com alguma infecção sexualmente transmissível, como herpes ou mononucleose. “Nesses caso, contudo, o indicado é não beijar nem ter relações se a pessoa estiver com lesão ativa no momento. E o mesmo vale para algumas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) como a sífilis”, explica.
Apesar de rara, outra doença que pode ser transmitida pelo beijo é a meningite bacteriana. “A principal causa desse tipo de meningite é a bactéria meningococo, que pode ser contraída também por vias aéreas, mas não necessariamente vai causar a doença”, afirma a Pereira.
A melhor forma de se proteger contra qualquer um desses riscos, segundo ela, é estar com o esquema vacinal atualizado, especialmente contra meningite, Covid, influenza, hepatite A e HPV. Na hora de beijar alguém, também é importante se atentar para ver se a pessoa não está com algum sintoma gripal ou possui alguma lesão nos lábios.
As doenças respiratórias, inclusive, podem provocar congestionamento para além das vias aéreas, chegando nas regiões dos ouvidos. Médico da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, Bruno Barros diz que, nesses casos, é comum uma sensação de entupimento. “Quando o nariz está muito congestionado, pode acontecer acumulo de secreção atrás do tímpano e gerar essa sensação, mas a situação é transitória e costuma melhorar sozinha”, afirma.
Já o vírus da herpes, apesar de não comprovado, existe uma suspeita de que possa infectar e inflamar o nervo da audição, gerando um quadro conhecido como surdez súbita. Nesses casos, o tratamento precisa ser rápido para o dano não ser permanente, segundo o médico.
Provando que o beijo não precisa acontecer na boca para representar riscos, seja na bochecha, ou até outro ponto de sensibilidade, como as orelhas, segundos da prática podem resultar em riscos severos. “Pode se criar uma pressão auditiva ali no canal e machucar o ouvido, ou a intensidade e a frequência aguda do beijo também podem gerar um trauma à audição”, diz Barros.
Outra forma de lesionar a região auditiva, também rara, é com trauma sonoro no tímpano em casos de ruídos muito intensos. O médico afirma já ter atendido pacientes que passaram por problemas por conta da frequência sonora do beijo. Se o som na região for recorrente, os riscos são maiores, de acordo com o médico.
Para ele, o ideal é ficar longe a região do ouvido. “Existem regiões mais seguras e sem grandes riscos para se beijar”, afirma Barros.
Beijar também pode representar riscos para a saúde bucal, principalmente ao se falar de problemas como cárie ou doença da gengiva. Professor da Universidade Santo Amaro e membro do Conselho Regional de Odontologia de SP, Ricardo Schmitutz Jahn diz que, na verdade, o que é transmitido é a bactéria streptococcus, uma das causadoras da cárie.
Uma série de fatores, contudo, precisam acontecer para outra pessoa desenvolver cárie a partir de um beijo. “Para evoluir para a cárie, precisa de uma presença de açúcares e outros carboidratos na boca”, afirma Jahn.
Segundo o especialista, essa transmissão é mais comum na infância. “E pode ser que a bactéria não seja transmitida necessariamente num beijo, pode ser na hora de assoprar um alimento para a criança, por exemplo”, diz.
O dentista afirma ainda que sprays e enxaguantes bucais não têm evidência científica conhecida para a prevenção de doenças transmitidas por beijo. “Quem se preocupara em barrar essa transmissão precisa ter um comportamento de higiene bucal constante e diário, sempre acompanhado por um dentista e sua equipe”, completa Jahn.
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