Belém e Pará - Em uma era onde a alimentação prioriza alimentos processados e ultraprocessados, em fast foods e afins, não é estranho que os números sobre problemas relacionados à doenças no intestino sejam tão preocupantes, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), que estima mais de 45 mil casos de câncer colorretal por ano, no país, no triênio 2023/2025.
A estimativa do instituto é de 20,78 novos casos a cada 100 mil homens e de 21,41 a cada 100 mil mulheres. A incidência deste tipo de tumor perde somente para os diagnósticos de câncer de mama, nas mulheres, e o de próstata, nos homens.
Mas o câncer é somente um dos problemas graves que podem acometer os pacientes. Um estudo científico da Revista The Lancet Regional Health Americas, de 2022, aponta que a quantidade de diagnósticos de doenças inflamatórias intestinais (DII) no Brasil cresceu 233% em oito anos, um salto de 30 casos por 100 mil habitantes em 2012 para 100,1 casos por 100 mil pacientes em 2020.
O estudo é tido como um dos mais expressivos já realizados sobre o tema no país e contou com a participação de 212 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, o problema não é restrito ao Brasil. Em todo o mundo, se estima 5 milhões de casos de doenças inflamatórias intestinais, que atingem boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus, ou seja, o trato gastrointestinal como um todo.
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
As doenças inflamatórias intestinais (DII), como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, são diagnosticadas cada vez mais em adolescentes e jovens adultos brasileiros. O amplo estudo revela aumento alarmante nos diagnósticos nos últimos anos.
De 2012 a 2020, os casos de doença de Crohn subiram 167,4%, passando de 12,6 para 33,7 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Já a retocolite ulcerativa teve crescimento ainda maior: 257,6%, saltando de 15,8 para 56,5 casos no mesmo período.
A pesquisa, que analisou 212.026 pessoas, identificou que 119.700 foram diagnosticadas com retocolite ulcerativa, enquanto 71.321 tiveram doença de Crohn. Outras 21.005 não receberam um diagnóstico específico, mas apresentavam sintomas característicos das DII, sendo classificadas como portadoras de doença inflamatória intestinal.
Os resultados mostram a importância de se dar maior atenção a essas enfermidades, que impactam a qualidade de vida dos pacientes. Especialistas alertam para a importância de diagnóstico precoce e tratamento adequado para controlar os sintomas e evitar complicações.
Com isso, o Ministério da Saúde recomenda a prevenção e o acompanhamento dos sintomas, restrição do consumo de carne vermelha, além de produtos como embutidos e similares. “Há pesquisas que apontam que o consumo diário de 50 gramas dessas carnes processada é capaz de aumentar em 18% o risco de desenvolvimento de câncer colorretal”, observa o chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização da Rede do Inca, Arn Migowski.