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Conheça a história do Instituto Evandro Chagas

Evandro Chagas deu início aos trabalhos de campo em Abaetetuba, em um ponto de pesquisas chamado Piratuba. Foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Evandro Chagas deu início aos trabalhos de campo em Abaetetuba, em um ponto de pesquisas chamado Piratuba. Foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz

Cintia Magno

Ante o trânsito movimentado e característico da avenida Almirante Barroso, o casarão instalado entre as travessas Antônio Baena e Curuzu se constitui como testemunha da história do desenvolvimento científico na região Amazônica. Ainda em 1936, o antigo casarão que já havia servido de residência no início do século XX, passou a abrigar o instituto de pesquisa que viria a dar origem ao atual Instituto Evandro Chagas (IEC).

Pesquisador do à época Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, o médico Evandro Chagas viajou para Belém, ainda em 1936, para dar início aos estudos sobre a leishmaniose visceral na Região Norte do país. De acordo com informações da Casa de Oswaldo Cruz, instituto de memória da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Evandro foi designado a chefiar a Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana (CEELVA) pelo próprio pai, um dos mais importantes cientistas brasileiros e que à época dirigia o Instituto Oswaldo Cruz, Carlos Chagas.

Antes mesmo que conseguisse a aprovação da lei que criaria o instituto de pesquisa, Evandro Chagas deu início aos trabalhos de campo no Pará, no município de Abaetetuba, em um ponto de pesquisas chamado Piratuba. Fotografias da época registram que os primeiros estudos de campo realizados no local ocorriam em laboratórios rústicos e quase sem estrutura, mas que deram suporte à coleta de dados para realização de pesquisas que contribuíram muito significativamente com o conhecimento sobre as doenças da Amazônia.

Proporcionando melhor estrutura para o desenvolvimento dos estudos, a Lei do Estado nº 59, de 10 de novembro de 1936, oficializou a criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte, com sede em Belém, o que só foi possível com o apoio do governo do Pará à época. No casarão da Almirante Barroso, além da leishmaniose visceral, o médico e sua equipe também puderam investigar outras doenças típicas da região amazônica, como a malária, a filariose, a bouba, verminoses intestinais. Já em 1937, o instituto também abrigava os laboratórios de Protozoologia, Bacteriologia, Epidemiologia, Anatomia Patológica e Fotografia, além de um biotério.

Morte precoce – Evandro Chagas plantou a semente da pesquisa em saúde 

Diante dos registros de casos de malária na Região Norte, é solicitado a Evandro Chagas, já na década de 1940, que iniciasse uma investigação sobre a doença nos estados do Amazonas e Pará, o que ocasionou a criação da Comissão de Saneamento da Amazônia. Envolvendo o IPEN e o Serviço de Estudo das Grandes Endemias (SEGE), a comissão pode dar início a um vasto inquérito no Vale do Amazonas sobre a doença na região.

Na mesma época, porém, um acidente aéreo ocorrido no Rio de Janeiro, resultou na morte precoce de Evandro Chagas aos 35 anos de idade. Apesar da tragédia, a equipe de médicos do instituto conseguiu dar andamento ao trabalho, mapeando áreas endêmicas da região através da análise de cerca de 22 mil lâminas de pacientes. Após o falecimento de Evandro Chagas, o instituto passou a receber o seu nome, tornando-se, inicialmente, Instituto de Patologia Experimental Evandro Chagas e, posteriormente, já em 1942, Instituto Evandro Chagas (IEC).

Atuando na vigilância em saúde, investigando e monitorando surtos de doenças, o IEC é referência nacional e internacional na realização de estudos e investigações nas áreas de ciências biológicas, meio ambiente e medicina tropical. O instituto é vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).