A morte do zagueiro Juan Izquierdo, do Nacional do Uruguai, após sofrer uma arritmia cardíaca durante uma partida contra o São Paulo, abalou o futebol uruguaio. O jogador foi internado no Hospital Albert Einstein, mas não resistiu às complicações decorrentes do problema cardíaco, que também afetou gravemente seu cérebro. Este episódio destaca a importância de compreender a arritmia cardíaca e seu impacto no cérebro.
A arritmia cardíaca é uma condição na qual o ritmo dos batimentos cardíacos se torna irregular, podendo ser mais rápido (taquicardia) ou mais lento (bradicardia) do que o normal. Essa irregularidade pode ser causada por várias condições, como doenças cardíacas pré-existentes, problemas nas válvulas do coração, uso de certos medicamentos ou até mesmo fatores como estresse e ansiedade. A fibrilação atrial (FA) é o tipo mais comum de arritmia e, quando não tratada, pode levar a complicações graves, como acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), a condição pode afetar uma em cada quatro pessoas ao longo da vida e é responsável pela morte súbita de cerca de 300 mil brasileiros todos os anos.
Como a arritmia afeta o cérebro?
Quando ocorre uma arritmia grave, como uma parada cardíaca, o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido, resultando em falta de oxigênio para os neurônios. Isso pode causar a morte celular e levar a um edema cerebral, que aumenta a pressão intracraniana. Esse aumento de pressão é extremamente perigoso, pois pode comprometer funções vitais e é difícil de tratar de maneira eficaz.
Saulo Teixeira, neurocirurgião e docente do Instituto de Educação Médica (IDOMED), explica: “A parada cardíaca pode causar uma lesão cerebral global devido à interrupção do fluxo sanguíneo, levando a um edema cerebral. Esse inchaço aumenta a pressão dentro do crânio, o que torna o tratamento extremamente desafiador, pois afeta todo o cérebro e não apenas uma área específica.”
O caso de Juan Izquierdo chama a atenção para a importância de um diagnóstico precoce e adequado de condições cardíacas, especialmente em atletas, que podem estar sob maior risco de arritmias perigosas devido ao estresse físico intenso. Exames como o eletrocardiograma (ECG) e o Holter são fundamentais para o rastreamento dessas condições, mas não garantem a detecção de todos os casos.
A importância da resposta rápida
A rápida intervenção em casos de parada cardiorrespiratória é crucial para salvar vidas. Segundo Dr. Saulo Teixeira, “cada minuto sem reanimação reduz as chances de sobrevivência em cerca de 10%. O uso de desfibriladores automáticos externos (DEA) pode ser vital para restaurar o ritmo cardíaco e minimizar danos cerebrais.”