Cintia Magno
Doença infecciosa, contagiosa e causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, a escabiose é transmitida de pessoa para pessoa e pode ocasionar coceira ou prurido, que é sentido principalmente à noite. Apesar de existir escabiose em outros animais, a doença, que também é conhecida como sarna, não é passada do animal para o ser humano.
A médica dermatologista Lorena Carvalho explica que o ácaro causador da escabiose se nutre e se reproduz na pele humana e, quando não tratada, a doença pode evoluir para quadros graves. “A escabiose pode evoluir para quadros graves, como a sarna norueguesa. Ocorre normalmente em pacientes que têm alguma imunossupressão ou que fizeram tratamentos inadequados porque existem algumas medicações que não devem ser feitas para o tratamento de escabiose. Por nem saber que é escabiose, algumas pessoas fazem uso de algumas medicações que não podem ser feitas e isso faz com que a doença piore, se agrave bastante”.
Por se tratar de uma doença transmitida através do contato íntimo entre uma pessoa doente e uma saudável, a Dra Lorena destaca que o melhor método de prevenção da escabiose é, realmente, tratar os pacientes com escabiose. “Quando o paciente tem a queixa e a doença é tratada por um dermatologista, a gente acaba prevenindo o contágio para outras pessoas porque a escabiose se transmite através de contato íntimo entre pessoas”, relaciona. “Pode ocorrer transmissão quando o ácaro está na roupa e, pelo contato com essa roupa ou esse pano, uma pessoa pegar, mas é bem difícil de isso acontecer porque o ácaro fica pouco tempo viável em tecido e superfícies. Então, é muito mais comum ocorrer, dentro de um domicílio, de uma pessoa passar para outras pessoas. Então, quando a gente trata todo mundo que tem ácaro, quando se trata todas as pessoas daquela família que está com a doença, ou que tiveram contato com a pessoa com doença, a gente acaba prevenindo a continuidade dessa transmissão”.
FIQUE ATENTO
Doença exige tratamento de todos que convivem com o paciente na mesma casa
A titular da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra Regina Carneiro, aponta que os pacientes acometidos pela escabiose apresentam muita coceira e em alguns pacientes, chamados de pacientes imunodeprimidos e em condições especiais, a doença pode ter formas mais disseminadas, mas sem comprometimento sistêmico. Em ambos os casos, para tratar a escabiose é preciso atuar não apenas no paciente que está doente, mas também entre os familiares que convivem com ele na mesma casa. “Tem que tratar todo mundo da casa, mesmo que não esteja se coçando porque muitas vezes a transmissão é muito rápida de pessoa para pessoa. Então, normalmente, se trata todos da mesma família”, considera. “É possível fazer medicações à noite, em que o paciente dorme com ela e, pela manhã, ele retira, durante um período de três a cinco noites, dependendo da extensão do quadro. A medicação precisa ser passada no corpo todo, não só onde coça. E, geralmente, com sete dias a gente pede que a medicação seja repetida”. .
Por se tratar de um ácaro que é próprio do humano, há casos de escabiose em todo o mundo, estando a doença muito condicionada a baixas condições de higiene e de conglomerados. “É uma doença extremamente frequente na população, acomete mais as populações de baixo nível socioeconômico, mas temos casos também em pacientes de alto nível socioeconômico. A preocupação maior é que muitas vezes ela não é diagnosticada, apesar do diagnóstico ser bastante fácil de ser feito. Os pacientes, muitas vezes, não são diagnosticados corretamente e muitas vezes são tratados incorretamente, se trata só a pessoa e não trata todo mundo”.
POR DENTRO DA ESCABIOSE
Sarna ou escabiose é uma parasitose humana causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei variedade hominis. O contágio se dá somente entre humanos, por contato direto com pessoa ou roupas e outros objetos contaminados. O contato deve ser prolongado para que ocorra a contaminação.
ENTENDA
A fecundação do ácaro Sarcoptes scabiei ocorre na superfície da pele do ser humano. Logo após o macho morrer, a fêmea penetra na pele humana, cavando um túnel, por um período aproximado de 30 dias. Depois, deposita seus ovos. Quando eles eclodem, liberam as larvas que retornam à superfície da pele para completar seu ciclo evolutivo. Este processo de maturação é de 21 dias.
SINTOMAS
*As manifestações clínicas são decorrentes da ação direta do ácaro, quando este se movimenta nos túneis. E, também, em grande parte pela hipersensibilidade desenvolvida pelo paciente contaminado. O principal sintoma da escabiose é a coceira ou prurido, que é sentido principalmente à noite.
*As principais lesões na pele são os túneis e, nas suas extremidades, pequenas vesículas. Estas lesões aparecem principalmente entre os dedos das mãos, nas axilas, na parte do punho que segue a palma da mão, auréolas e genitais. A cabeça sempre é poupada. Escoriações na pele são frequentes, por causa da coceira intensa.
TRATAMENTO
O tratamento consiste em usar medicamentos tópicos em toda a pele ou uso de medicamentos orais. A escolha vai depender das características da doença em cada paciente e também das suas condições gerais de saúde. Portanto, o tratamento é individualizado pelo médico para cada paciente.
PREVENÇÃO
A prevenção consiste, basicamente, em evitar contato com pessoas e roupas contaminadas. Uma vez detectado um paciente com escabiose, todos que com ele tenham contato direto devem ser examinados e tratados. Desta forma, é interrompida a cadeia de transmissão da parasitose.
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).