A morte da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, de 32 anos, repercutiu na mídia nos últimos dias e, de acordo com a investigação, pode ter sido causada pelo uso abusivo e indevido de cloridrato de cetamina. O medicamento é de venda controlada e indicado para induzir anestesia em intervenções diagnósticas e cirúrgicas. Recentemente, também tem sido usado em dosagens baixas, com supervisão, para tratar depressão severa.
O consumo dessa substância, também conhecida como ketamina ou quetamina, estaria sendo feito pela artista, pela mãe e pelo irmão em rituais relacionados à espiritualidade.
De acordo com matéria do Fantástico, a investigação revelou que a seita criada pela família envolvia “figuras bíblicas, uso de drogas e alucinações” e aponta que eles criaram um grupo religioso chamado “Pai, Mãe, Vida”, para incentivar o uso do anestésico injetável, que também é de uso veterinário, com o objetivo de “alcançar uma falsa plenitude espiritual”.
“A família teve o primeiro contato com a droga há pouco mais de um ano. Djidja, o irmão Ademar e a mãe Cleusimar passaram a ter alucinações por conta do uso excessivo da substância”, informa a reportagem. Em abril, eles passaram a ser investigados por tráfico de cetamina. Djidja administrava uma rede de salão de beleza e Verônica da Costa, gerente de um dos salões, foi apontada como a responsável por comprar a droga de clínicas veterinárias ilegalmente, sem receita médica. “Passavam todo dia se utilizando daquela substância que é altamente viciante e participavam também de alguns rituais, colocavam vídeos na internet”, disse o delegado Cícero Túlio.
A Polícia Civil do Amazonas prendeu a mãe e o irmão da ex-sinhazinha, Cleusimar Cardoso Rodrigues e Ademar Farias Cardoso Neto, por conduzirem rituais em torno da droga e fornecerem e distribuírem cetamina por meio da seita religiosa. De acordo com a polícia, foram encontradas ampolas de cetamina, seringas e agulhas em unidades dos salões de beleza da família de Djidja Cardoso. A acusação contra eles é de tráfico de drogas.
Riscos do uso da cetamina
O farmacêutico José Roberto Santin alerta que o medicamento oferece um alto risco de dependência e pode causar reações adversas aos pacientes. Por isso, tem a venda controlada e precisa ser administrado sob supervisão e acompanhamento profissional.
“A cetamina também é usada de forma recreativa como uma droga de abuso, o nome nas ruas para cetamina é “K” ou “Special K.” O uso recreativo de cetamina pode levar à toxicidade e a intoxicação induz sintomas variados dependentes da dose, principalmente alterando a consciência e se manifestando como sedação, estado mental prejudicado, midríase e comprometimento hemodinâmico”, explica o especialista do Grupo de Trabalho sobre Toxicologia do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Entre os efeitos adversos da cetamina estão alterações cardiovasculares, com possível aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, respiratórios, podendo ocorrer acentuada depressão da respiração ou apnéia após administração intravenosa rápida de doses elevadas, oculares, foram notadas situações de diplopia e nistagmo, além de leve elevação da pressão intra-ocular, psicológicas, neurológicas, gastrintestinais entre outro
Recentemente, o ator Matthew Perry, de “Friends”, morreu devido aos efeitos agudos de ketamina. Perry estava em terapia de infusão de ketamina para tratamento de transtornos. No momento da morte, no entanto, ele não fazia a terapia e a suspeita é que tenha administrado ele mesmo a substância, informou o G1.
Fonte: CFF