SAÚDE

Câncer do pâncreas possui alta taxa de mortalidade

O apresentador Edu Guedes, 51, veio a público no canal dele no Youtube informar que está em tratamento contra o câncer de pâncreas.

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Bruno diz que tratamento depende de diversos fatores
Bruno diz que tratamento depende de diversos fatores FOTO: reprodução

O apresentador Edu Guedes, 51, veio a público no canal dele no Youtube informar que está em tratamento contra o câncer de pâncreas. Internado no Hospital Albert Einstein Morumbi, em São Paulo, ele revelou ter sido diagnosticado com um tumor na cauda do pâncreas após uma série de complicações renais, descoberta que, segundo ele, ocorreu em estágio inicial e com alto índice de cura.

Edu Guedes foi internado no sábado (5) para uma cirurgia realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, após ser diagnosticado com câncer
Edu Guedes foi internado no sábado (5) para uma cirurgia realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, após ser diagnosticado com câncer. Foto: Divulgação

Conforme explica o médico oncologista Bruno Melo Fernandes, este tipo de câncer atinge um dos órgãos mais vitais do organismo, pois o pâncreas atua na produção de hormônios e sucos digestivos. “Geralmente, são descobertos já em estágios avançados”, afirma sobre a falta de sinais e sintomas nas fases iniciais da doença. A maioria dos casos afeta o lado direito do órgão (a cabeça). As outras partes do pâncreas são corpo (centro) e cauda (lado esquerdo), caso do apresentador Edu Guedes.

Pelo fato de ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade. No Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. É responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença. Estimativas do INCA indicam que neste ano serão 20.980 casos registrados no Brasil.

O oncologista Bruno Melo Fernandes comenta que sintomas comuns são perda de peso, dor abdominal intensa e progressiva e dificuldade de evacuar. “É muito importante procurar ajuda médica para examinar, por exemplo, dores abdominais constantes e dolorosas”, comenta o especialista em câncer.

O INCA destaca também sintomas como fraqueza, falta de apetite, urina escura, olhos e pele de cor amarela, náuseas e dores nas costas. Entretanto, o INCA frisa que essa variedade de sinais e sintomas não são específicos do câncer de pâncreas, e esse é um dos fatores que colabora para o diagnóstico tardio da doença.

“Vale chamar atenção para o diabetes que tanto pode ser um fator de risco para o câncer de pâncreas, como uma manifestação clínica que antecede o diagnóstico da neoplasia. Assim, o surgimento recente de diabetes em adultos pode ser uma eventual antecipação do diagnóstico do câncer pancreático”, descreve o INCA.

Fernandes explica que “exames de imagem, como ultrassonografia (convencional ou endoscópica), tomografia computadorizada e ressonância magnética são métodos utilizados no diagnóstico, pois detectam lesões no pâncreas”. Exames de sangue, incluindo a dosagem do antígeno carboidrato Ca 19.9, podem auxiliar no diagnóstico. O laudo histopatológico, obtido após biópsia de material ou da peça cirúrgica define o diagnóstico da neoplasia.

O tratamento a ser realizado depende do laudo histopatológico (o tipo de tumor), da avaliação clínica do paciente e dos exames laboratoriais e de estadiamento. O estado geral em que o paciente se encontra no momento do diagnóstico é fundamental no processo de definição terapêutica. A cirurgia, único método capaz de oferecer chance curativa, é possível em uma minoria dos casos, pelo fato de, na maioria das vezes, o diagnóstico ser feito em fase tardia da doença.

“A cirurgia pode ser feita na região conhecida como cabeça ou cauda do pâncreas, porém não é recomendada para pacientes com idades mais avançadas. O tratamento pode incluir cirurgia combinada com quimioterapia, antes ou depois do procedimento cirúrgico”, explica o médico oncologista. Nos casos em que a cirurgia não é indicada, a radioterapia e a quimioterapia são as formas de tratamento, associadas a todo o suporte necessário para minimizar os transtornos gerados pela doença.

De acordo com o INCA, podem-se identificar fatores de risco hereditários e não hereditários para o desenvolvimento do câncer de pâncreas. A menor parcela, algo em torno de 10% a 15% dos casos, decorre de fatores de risco hereditários, como câncer de mama e de ovário hereditários associados aos genes BRCA1, BRCA2 e PALB2. Dentre os fatores de risco não hereditários estão tabagismo, excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) e diabetes.

“A melhor forma de se prevenir o câncer de pâncreas é assumir um estilo de vida saudável, evitar a exposição ao tabaco de forma ativa e passiva e manter o peso corporal adequado, pois o excesso de gordura corporal também é fator de risco para desenvolver diabetes, que também aumenta o risco para câncer de pâncreas”, informa o INCA.

CASOS NO PARÁ

No período de 2023 a 2025, foram registrados no Pará 133 casos de câncer de pâncreas, sendo 69 em 2023, 57 em 2024 e 7 casos até o dia 10 de julho deste ano. Nos últimos três anos, os municípios com maior número de registros foram Belém, com 47 casos, seguido de Santarém, com 8 casos, e Ananindeua, com 7 casos. Os dados atualizados foram informados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Segundo a Secretaria, o tratamento de alta complexidade para câncer de pâncreas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é ofertado no estado por meio do Hospital Ophir Loyola, em Belém, e pelo Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém.

Ainda de acordo com a Sespa, as ações de prevenção e rastreamento de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, devem ser realizadas pela rede básica de saúde, responsável pelo primeiro atendimento e encaminhamento adequado dos pacientes.