Diego Monteiro
O tumor no cólon e reto, conhecido como câncer colorretal, está entre os de maior ocorrência no Brasil, sendo o terceiro mais comum em homens (após próstata e pulmão) e o segundo entre as mulheres (após o câncer de mama), conforme apontado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Cerca de 45 mil novos casos surgirão entre os brasileiros este ano.
Esses números evidenciam o significativo impacto na saúde e a relevância de se prevenir, por meio da detecção precoce. Nesse contexto, várias organizações e profissionais da saúde lançaram a campanha Setembro Verde, com a finalidade de conscientizar a população sobre os tumores.
Nesse sentido, a ação nacional transmite, por meio de iniciativas informativas, tópicos como: fatores de risco e como buscar o rastreamento; os principais sintomas que indicam a necessidade de procurar um especialista em saúde; medidas preventivas e métodos para detectar o câncer; bem como desmistificar as alternativas terapêuticas para aqueles afetados pelo câncer colorretal.
Segundo o médico Luis Eduardo Werneck, o câncer colorretal envolve o intestino grosso, que abrange desde o apêndice da válvula ileocecal até o cólon sigmoide. “Essa doença é importante não pelo número de casos elevados, mas porque cresceu em reincidência nos últimos dez anos no mundo todo, influenciado, principalmente, pela má alimentação”, pontua.
“É fato que a nossa geração mudou em termos de hábitos alimentares em relação ao que comíamos antigamente. E essa mudança foi muito rápida. Devido a uma geração cada vez mais apressada, o consumo de fast-foods, embutidos, gordura saturada, aumentou. Basicamente: uma má alimentação, sedentarismo, estresse e a relação com o ambiente pode favorecer o surgimento do câncer colorretal”, disse.
ATENÇÃO
A identificação precoce desempenha um papel fundamental para obter um tratamento eficaz. Mudanças nos padrões intestinais, como diarreia persistente ou constipação, sangramento retal, desconforto abdominal, perda de peso inexplicável e fadiga são sintomas que não devem ser negligenciados. Procurar orientação médica é crucial caso esses indícios persistam por mais de algumas semanas.
Werneck ressalta: “Se for esperar o câncer dar sintomas, pode ser tarde demais. Cerca de 90% dos pacientes que apresentam sangramento nas fezes acabam não dando a devida importância para esse sinal por achar que é hemorroida, e na maioria dos casos se equivocam. O ideal é buscar o quanto antes ajuda”.
O diagnóstico da doença é estabelecido por meio de exames complementares, reforça o médico. “O nome já está dizendo: ‘exames complementares’. Então é preciso ir ao médico para que o especialista possa conversar com o paciente e fazer as perguntas pertinentes à situação. Só assim, depois disso, o profissional da saúde vai dar as devidas orientações para cada caso”.
Posteriormente a isso, é solicitado um exame de colonoscopia, ferramenta que identifica pólipos ou lesões suspeitas antes que evoluam para um estágio mais avançado. O Ministério da Saúde orienta, por exemplo, que todas as pessoas, mesmo que assintomáticas e sem histórico familiar, devem realizar uma colonoscopia a cada cinco ou dez anos, a partir dos 50 anos de idade.
Segundo Luis Eduardo Werneck, pesquisa mostra que, ao comparar os genes de pacientes afetados pela doença na região amazônica com a população mundial, incluindo americanos e europeus, constatou-se que o câncer tem menor probabilidade de mutação em pessoas que vivem na região amazônica.
“Quando a doença consegue mutar e mudar esse gene, o paciente passa a desenvolver uma resistência ao principal medicamento de terapia-alvo molecular contra o câncer. O que eu quero dizer: ‘por alguma razão descobrimos que os pacientes da Amazônia são mais difíceis da doença evoluir. Agora estamos buscando resposta para o porquê disso acontece aqui”, revela Werneck.