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Cães e gatos também podem doar sangue. Saiba como

Tutora Jéssica Saito, Francisco Rodrigues, coordenador do Banco de Sangue, com o gato Duque. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Tutora Jéssica Saito, Francisco Rodrigues, coordenador do Banco de Sangue, com o gato Duque. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Irlaine Nóbrega

Cães e gatos também podem doar sangue. Mesmo que ainda pouco conhecida, a transfusão é responsável por auxiliar no tratamento e manutenção da saúde animal, considerada um procedimento muito seguro, tranquilo e rápido.

“O processo de doação segue todas as regras de biossegurança, em que é colhida a amostra do animal de forma segura, principalmente para o doador, que é o maior símbolo da doação de sangue. Colhemos de uma forma asséptica, utilizando materiais de insumos estéreis exclusivos para aquele animalzinho”, afirma Francisco Rodrigues, coordenador do Banco de Sangue Hemocora.

A transfusão sanguínea em animais é considerada como transplante de órgãos. Funciona como suporte no tratamento de doenças de caráter hematológico ou parasitárias, que causam apatia, debilidade e anemia severa em cães e gatos.

Para ser doador, o cão precisa estar acima de 25 quilos e ter de 1 a 8 anos de idade, além de estar vacinado e ter acompanhamento médico regular. Os gatos também precisam ter entre 1 e 8 anos, mas pesar acima de 4 quilos, viver em ambiente doméstico, sem acesso a rua e ter feito uso de antiparasitário. Assim como em humanos, a doação do sangue de pets deve ser feita no intervalo de 3 meses entre as coletas, mediante avaliação clínica e exames.

“Existem algumas restrições. Não pode doar o animalzinho que já passou por algum procedimento cirúrgico de retirada do baço, que é um órgão importante para relação sanguínea; aqueles que fazem uso contínuo de medicação, como pacientes endócrinos; e pacientes que fazem uso de corticoide, como os asmáticos. Fêmeas não castradas podem doar quando não estiverem no período de cio”, pontua.

Uma bolsa de sangue pode salvar 4 vidas. No caso de gatos, o material coletado é destinado apenas para um animal, enquanto no caso dos cães, os 450ml captados podem ajudar no tratamento de até quatro cachorros, a depender do peso. Segundo balanço anual do Hemocora, em 2023, foram 193 gatos e mais de 280 cães cadastrados como doadores de sangue no hemocentro do hospital veterinário. As férias, feriados prolongados e festas de fim de ano são os períodos que registram menor captação desse material.

“Em cão a colheita é mais tranquila porque a principal característica que ele tem que ter é ser extremamente dócil. Ele vai ficar deitado na mesa, brincamos com ele e depois puncionamos a jugular, esse processo todo dura em média de dez a quinze minutos. Já os gatos se estressam muito fácil, então a gente tem um manejo catfriendly maior. Para que ele contribua e não fique incomodado com a punção, nós fazemos uma tranquilização com medicações que não alteram o padrão hemodinâmico dele”, esclarece Francisco Rodrigues.

SOLIDARIEDADE

  • A doação de sangue é um ato de solidariedade. É o que afirma a servidora pública Jéssica Saito, de 31 anos. Tutora de felinos, ela tem oito gatos doadores que contribuem trimestralmente para os estoques do Banco de Sangue do Hemocora.
  • “Eu aceitei trazer meus gatos para serem doadores de sangue pela importância que isso tem. Assim como tem doação entre humanos, que salvam vidas, a doação entre pets também salva vidas. É uma forma de ajudar. Eu amo os animais e penso na situação deles porque quando precisam é com urgência. Eu tento me colocar no papel da família desse animalzinho”, afirma a tutora do gato Duque.
  • Em 2021, após uma consulta, ela foi comunicada que sua gata, a Linda, estava apta a ser o principal elo dessa relação. Após se informar sobre o procedimento, Jéssica optou por cadastrar a gata como uma doadora. Logo, a tendência se estendeu para os demais gatos.
  • “Eu busco dar rações de qualidade para eles, colocar sachês porque os gatos bebem menos água e precisam estar sempre bem hidratados. A minha casa é telada para que eles não tenham acesso à rua porque eles podem pegar doenças. Eles também utilizam antiparasitários que é para afastar pulga, sarna, carrapato, piolho que podem causar doenças sérias para eles”, conclui Jéssica.