SAÚDE

Cada vez mais adultos estão sendo diagnosticados com TDAH

Especialista diz que, independente da idade do diagnóstico, é importante procurar ajuda profissional e tratamento para diminuir os sintomas do transtorno

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Emanuel Sousa destaca que o TDAH apresenta as mesmas manifestações em crianças e adultos

Foto: divulgação
Emanuel Sousa destaca que o TDAH apresenta as mesmas manifestações em crianças e adultos Foto: divulgação

Características como desatenção, inquietude e impulsividade podem estar relacionadas a um transtorno neurobiológico que, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), alcança de 5% a 8% da população mundial, o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Apesar de constatado com mais frequência na infância, o transtorno tem sido cada vez mais diagnosticado em adultos. O neurologista e diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Professor Emanuel Sousa, destaca que o TDAH apresenta as mesmas manifestações em crianças e adultos. O que acontece, porém, é que casos que acabaram não sendo diagnosticados precocemente, têm levado a diagnósticos já na fase adulta. “A gente consegue constatar com mais frequência na infância, mas devido à falta de conhecimento de muitos profissionais, em algumas pessoas não se faz o diagnóstico na infância e só se vai constatar na adolescência ou na própria idade adulta”, considera. “Como é um transtorno, ele está presente a vida inteira. O que precisa é diagnosticar a tempo, de preferência na fase inicial, ou seja, na infância mesmo”.

O médico considera que, quando constatado ainda na infância, é possível tratar o transtorno precocemente, o que possibilita que as manifestações na adolescência e na fase adulta diminuam porque a maturidade cerebral vai se desenvolvendo e, com isso, diminui a hiperatividade de agitação.

Emanuel Sousa esclarece que o TDAH é um distúrbio em que o indivíduo apresenta dificuldade em manter a atenção. E essa dificuldade de atenção é também associada com uma impulsividade, com uma agitação psicomotora constante, o que leva a um prejuízo do ponto de vista social, do ponto de vista do aprendizado e das ações todas que a pessoa desenvolve.

“O TDAH, há muitos anos, recebia outro nome. Se dizia que era um uma lesão cerebral mínima porque não se conhecia realmente claramente. Depois começou-se a estudar e começou-se a considerar que era um transtorno”, contextualiza. “Só que esse transtorno está relacionado, provavelmente – não tem nada confirmado -, a distúrbios neuro-hormonais, que seria um grupo de núcleos, principalmente localizado nas regiões frontais e pré-frontais [do cérebro], que impedem a pessoa de parar. Ou seja, é um distúrbio neuro-hormonal que está relacionado com uma incapacidade de frenar alguns impulsos provenientes da base do cérebro e os órgãos frontais que fariam isso”.

Diagnóstico e Sinais do TDAH

O médico destaca que, em alguns casos, o TDAH já é constatado ainda na vida intrauterina já que, muitas vezes, já durante a gravidez a mãe refere que o feto mexe muito dentro da barriga, chegando até mesmo a prejudicar o sono dela. Outro fator que pode sinalizar a possível ocorrência do transtorno é o histórico familiar, caso tenham casos diagnosticados de TDAH na família.

Por fim, tem-se as manifestações clínicas que o indivíduo apresenta, o que inclui dificuldade de prestar atenção; dificuldade de manter as atividades que precisam ser mantidas; dificuldade em terminar suas ações; dificuldade em aprendizado não por déficit cognitivo, mas pelo déficit de atenção no evento que lhe permite que a informação seja armazenada; assim como dificuldade de socialização. Há casos em que o TDAH também pode estar associado a manifestações clínicas de agressividade e, segundo aponta o professor, em alguns indivíduos também pode estar ligado a contextos de uso de drogas e de substâncias não recomendadas, psicoativas. “Ou seja, tem uma quantidade muito grande de sinais clínicos que são encontrados. Mas, geralmente, a hiperatividade é mais a impulsão, ou seja, incapacidade de reter o impulso, dificuldade de concentração e de atenção”.

Essa variedade de sinais e sintomas contribuem para que o diagnóstico do TDAH seja desafiador. O médico neurologista explica que é preciso fazer um histórico muito detalhado do paciente e de uma avaliação multiprofissional que envolva médico, psicólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo e neuropsicólogo. “Esses profissionais são importantes na composição da avaliação dessas crianças e desses adultos para que possa ser feito o diagnóstico apropriado. A gente tem hipótese e essas hipóteses vão sendo somadas com os vários profissionais avaliando. Não existe exame complementar que sirva para o diagnóstico de TDAH porque é um transtorno, então, o diagnóstico é clínico”.

A Importância da Avaliação Multiprofissional

Diante dos primeiros sinais e sintomas, deve-se levar a criança para uma avaliação médica, seja com o médico psiquiatra ou o médico neurologista. No âmbito da psicologia, deve-se buscar um neuropsicólogo e, caso haja algum déficit cognitivo ou déficit de aprendizado, deve-se buscar o terapeuta ocupacional e o psicopedagogo. “É importante dizer que, na escola, as professoras percebem muito porque é aquela criança que não para sentada, que mexe com todos os colegas”, considera Emanuel Sousa. “O professor tem uma função extremamente importante no sentido de identificar isso e chamar os pais para avisar, para que os pais procurem algum profissional que possam ajudá-lo porque ele está prejudicando o aprendizado dele e o aprendizado da comunidade”.

Tratamentos Recomendados para TDAH

A partir do momento que se tem o diagnóstico, existem os tratamentos recomendados e um deles é através do uso de psicoestimulantes, que estimulam algumas áreas cerebrais para diminuir a impulsão de outras que são hiperativas. Outras drogas que podem ser usadas são os antidepressivos e os anticonvulsivantes.