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Automedicação: Por que é importante evitar?

O mau hábito que muitos brasileiros têm de se automedicar é bastante comum quando o sistema gastrointestinal não vai bem.

Automedicação: Por que é importante evitar?

O que é pra ser a solução pode acabar se tornando um problema… o mau hábito que muitos brasileiros têm de se automedicar é bastante comum quando o sistema gastrointestinal não vai bem. Quem nunca sentiu uma queimação no estômago e foi direto ao balcão da farmácia comprar um antiácido por conta própria? 

Segundo o Farmacêutico Magistral especialista em longevidade humana, André Eluan, a situação é recorrente nesses estabelecimentos. “Muitas pessoas procuram as drogarias com queixas gastrointestinais, que normalmente envolvem azia e refluxo ácido, muitas vezes má digestão, mas também constipação, náuseas e vômitos”, exemplifica.

De acordo com Eluan, boa parte dessa procura não está acompanhada de prescrição médica. “As pessoas procuram os farmacêuticos em busca de soluções rápidas que resolvam seus sintomas”, destaca. “Neste contexto, o farmacêutico é muito importante, principalmente para identificar situações de risco e orientar o paciente a buscar atendimento especializado”.

A situação só não é frequente nas farmácias de manipulação. “Normalmente isso não acontece, pois, via de regra, as pessoas procuram farmácias de manipulação com uma prescrição médica”, cita.

Eluan considera que, apesar do uso de alguns medicamentos sintomáticos não necessitarem de prescrição médica, o recomendado é sempre buscar ajuda especializada. “Antiácidos, Hidróxido de Alumínio; inibidores de bomba de prótons, como omeprazol; laxantes ou Simeticona, medicamento para gases, são viáveis apenas para aliviar sintomas, até que um diagnóstico mais profundo possa ser realizado e um tratamento na causa do problema possa ser efetivamente realizado”, afirma.

O uso prolongado e crônico desses medicamentos pode levar a mascarar problemas mais graves, alerta o farmacêutico. “ Esse hábito evita uma ação terapêutica efetiva. Por exemplo, em Belém a incidência de câncer de estômago chega a ser quase quatro vezes maior que no resto do Brasil! Enquanto no Brasil a incidência gira na casa de 6,3 casos por 100 mil habitantes para homens e de 3,8 para mulheres, em Belém esse número chega a 25,4 e 13,8 casos por 100 mil habitantes para homens e mulheres respectivamente”, informa com base em dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). “Daí a importância do farmacêutico estar atento ao uso indiscriminado de medicamentos para questões gastrointestinais, para citar apenas um exemplo de condição grave que pode estar sendo mascarada com uso de medicamentos sintomáticos”, completa.

O QUE DIZ A ANVISA? 

– É preciso que as pessoas se conscientizem dos riscos reais da prática da automedicação, que pode causar reações graves, inclusive óbitos. 

– Todo medicamento apresenta riscos relacionados ao seu consumo, que deve ser baseado na relação benefício-risco. Ou seja, os benefícios para o paciente devem superar os riscos associados ao uso do produto. Essa avaliação é realizada a partir de critérios técnico-científicos, de acordo com o paciente e o conhecimento da doença. 

– Para se ter uma ideia da dimensão e da gravidade do problema, a Organização Mundial da Saúde, a OMS, calcula que mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada. Além disso, metade de todos os pacientes não faz uso dos medicamentos corretamente.  

– Notificação. É imprescindível que profissionais de saúde e cidadãos notifiquem as suspeitas de eventos adversos, mesmo sem ter certeza da associação entre o evento adverso e o medicamento. A notificação torna possível identificar novos riscos e atualizar o perfil de segurança dos medicamentos. 

– Os eventos adversos a medicamentos devem ser notificados pelo VigiMed. A qualidade dos dados inseridos no sistema é fundamental para subsidiar a análise pelas equipes especializadas. Importante identificar o produto e informar o fabricante e o número do lote.