A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) realizou nesta terça (11) e quarta-feira (12) uma operação de fiscalização a clínicas de estética em São Paulo, Osasco, Barueri, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília.
Entre os problemas identificados estão produtos sem registro para comercialização e uso no Brasil, seringas reutilizadas com restos de sangue e produtos vencidos ou armazenados de forma inadequada.
Todos os 19 estabelecimentos inspecionados apresentaram alguma irregularidade, segundo a agência. Como resultado, duas clínicas foram interditadas, em Belo Horizonte e em Goiânia. Outras três sofreram interdições parciais -duas em São Paulo e uma em Brasília. Os nomes dos estabelecimentos não foram divulgados.
Na cidade de São Paulo, toxinas botulínicas foram encontradas armazenadas sem controle de temperatura e vencidas. Em Osasco havia em uma clínica mais de 300 ampolas de produtos injetáveis em condições impróprias para uso.
Em Belo Horizonte, a clínica foi interditada após fiscais encontrarem anestésicos vencidos e sem data de validade, além de fios e cânulas utilizados em procedimentos invasivos sem registro na Anvisa.
Outro estabelecimento da capital mineira tinha instrumentos de uso único para microagulhamento da pele sendo reutilizados e com restos aparentes de sangue.
Em Goiânia, fiscais constataram a presença de produtos manipulados em que o nome de funcionários aparece no lugar do nome dos pacientes para burlar a fiscalização, além de produtos com prazo de validade vencido.
Em outra clínica havia anotações referentes a dois casos de infecção após procedimentos realizados no local. A legislação determina a notificação compulsória dessas ocorrências no sistema de saúde público, o que não aconteceu.
Outro estabelecimento na capital goiana continha embalagens de fenol abertas e vencidas. A substância teve o uso para fins estéticos suspenso no país no ano passado, com o objetivo de impedir a realização de procedimentos invasivos, entre eles o chamado peeling de fenol, que chegou a provocar a morte de um paciente em São Paulo.
Também foram identificados problemas na gestão dos estabelecimentos, incluindo ausência de profissionais habilitados e falta de prontuários para registro de evolução dos pacientes.
Batizada de Estética com Segurança, a operação contou com a participação de 50 fiscais dos níveis federal, estaduais e municipais. Também foram inspecionados fabricantes em Anápolis (GO) e Porto Alegre.
De acordo com a Anvisa, a iniciativa foi motivada por um aumento nos relatos de eventos adversos graves associados a procedimentos estéticos, amplamente reportados nos últimos anos em denúncias à agência e também na imprensa.
A Anvisa enfatiza a importância de os consumidores exercerem vigilância ao selecionar serviços de estética. É aconselhável desconfiar de promessas milagrosas e preços notavelmente reduzidos. Ademais, é essencial assegurar que os estabelecimentos estejam devidamente licenciados pelas autoridades sanitárias e validar as credenciais dos profissionais através dos respectivos conselhos de classe.