A biomédica e nutricionista Maria Viana chama a atenção para a importância dos alimentos fermentados como base de uma dieta saudável.
“Eles são interessantes para a saúde intestinal, para a nossa saúde como um todo. Falo do kombucha, que tem uma base de chá e fermentação de bactérias boas para o intestino. O kefir, que é um derivado lácteo também, com a mesma questão de fermentação de bactérias boas. Os iogurtes fermentados, que são leite fermentado com bactérias lácteas boas, benéficas, principalmente a do tipo lactobacillus”, exemplifica.
Viana observa que boa parte das bactérias do intestino são lactobacilos. “Eu tenho vários tipos, várias cepas de lactobacilos, acidófilos, que são os mais conhecidos, mas também bifidobactérias, firmicutes. São vários tipos de bactérias povoando o intestino. Então, os alimentos fermentados, eles têm uma base, e a fermentação é feita com esse tipo de bactéria”, destaca.
Contudo, a ingestão desse produtos fermentados requer bastante atenção do consumidor. Segundo a nutricionista, principalmente pela origem desse alimento. “Como são alimentos fermentados por bactérias, tenho que tomar muito cuidado de não ter uma contaminação cruzada com bactérias que não são benéficas, que são bactérias patogênicas, e às vezes acontece principalmente quando a produção desses alimentos é uma produção mais artesanal”, alerta.
Segundo a especialista, é preciso tomar cuidado porque, ao invés de se estar consumindo um alimento seguro e saudável, há o risco de se consumir um alimento contaminado que pode ocasionar algum problema de saúde.
“Pessoas com disbiose, que já têm alguma alteração intestinal, quadros de estufamento, irregularidade intestinal. Quando elas consomem esses alimentos fermentados, elas tendem a se queixar muito de estufamento, de mal-estar abdominal, então não é indicado”, cita.
“Já atendi pacientes que relatavam irregularidade intestinal e com o consumo de kombucha em jejum melhoraram, o intestino começou a funcionar melhor. Mas, mesmo assim, não deve ter uma indicação ampla, tem que ser direcionado, e em alguns casos, depois do consumo, de ter esse relato desses sintomas, é melhor que a pessoa evite e avalie a saúde intestinal dela”, orienta.
Outro alimento citado por Maria Viana nessa categoria é o chucrute. “É muito comum na culinária alemã. Ou seja, a gente tem uma gama de alimentos fermentados ampla, mas que precisa ter esse cuidado, não só de quem consome, mas do método de preparo”.
CUIDADOS NO CONSUMO DE ALIMENTOS FERMENTADOS
Guia prático para aproveitar os benefícios com segurança
O QUE SÃO ALIMENTOS FERMENTADOS?
Alimentos que passaram por um processo natural de fermentação, no qual microrganismos como bactérias e leveduras transformam seus componentes originais, trazendo benefícios à saúde intestinal e imunológica. Exemplos comuns: Iogurte, kefir, kombucha, chucrute, missô, kimchi, tempeh.
PRINCIPAIS CUIDADOS AO CONSUMIR:
1. Comece devagar
Introduza pequenas porções, especialmente se você não está acostumado. Isso evita desconfortos como gases, inchaço ou diarreia.
2. Observe a procedência
Prefira produtos industrializados de marcas confiáveis ou fermentados caseiros com boas práticas de higiene. Fermentações malfeitas podem conter microrganismos nocivos.
3. Atenção ao armazenamento
Mantenha sempre refrigerado, se necessário. Verifique data de validade e sinais de deterioração (cheiro forte, mofo, sabor alterado).
4. Cuidado com o excesso de sódio
Alguns fermentados, como chucrute ou missô, são ricos em sal. O consumo exagerado pode elevar a pressão arterial.
5. Pessoas imunocomprometidas devem ter cautela
Consulte um profissional de saúde antes de consumir regularmente. O sistema imunológico fragilizado pode reagir mal a certos microrganismos.
6. Verifique ingredientes adicionais
Evite produtos com açúcar excessivo, corantes ou conservantes desnecessários. Isso vale especialmente para kombuchas e iogurtes aromatizados.
DICA FINAL
Procure orientação de um nutricionista para incluir alimentos fermentados de forma equilibrada e personalizada na sua dieta.
Fonte: Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), artigos da Harvard Medical School, e Organização Mundial da Saúde (OMS).