Dr. Responde

Adeus, perda de urina! Aplicativo ajuda no tratamento da incontinência urinária

A incontinência urinária é um problema crônico que atinge 45% da população feminina acima de 40 anos e 15% da masculina, de acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Foto: Divulgação
A incontinência urinária é um problema crônico que atinge 45% da população feminina acima de 40 anos e 15% da masculina, de acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Foto: Divulgação

MARIA TEREZA SANTOS/FOLHAPRESS

A incontinência urinária é um problema crônico que atinge 45% da população feminina acima de 40 anos e 15% da masculina, de acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).

A principal forma de tratamento são os exercícios do assoalho pélvico, geralmente orientados por um fisioterapeuta. Apesar do fácil acesso e do baixo custo, essa terapia costuma ter baixa adesão.

Foi pensando nisso que pesquisadoras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com o Instituto de Pesquisas Eldorado, criaram o aplicativo Diário Saúde, que orienta as pacientes a realizar esses exercícios em casa.

Um estudo realizado de dezembro de 2020 a fevereiro de 2022, durante o isolamento social da pandemia de Covid-19, demonstrou a eficácia da tecnologia. Os resultados foram apresentados recentemente no 27º Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, em São Paulo.

“A gente teve restrição de acesso aos serviços de saúde, principalmente com condições em que não havia risco à vida, como a incontinência. Durante esse período, as mulheres foram impossibilitadas de fazer o tratamento”, conta a ginecologista Cássia Raquel Teatin Juliato, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que participou do trabalho.

Participaram da pesquisa 156 mulheres atendidas no Hospital da Mulher José Aristodemo Pinotti (Caism-Unicamp), em Campinas. Elas utilizaram o app por um mês, praticando os exercícios em casa, duas vezes ao dia. Ao final da análise, 52% das pacientes relataram melhora dos sintomas ou “quase cura”, enquanto 10,2% das entrevistadas dizem ter sido curadas.

Além disso, 74% das participantes realizaram o treinamento com frequência. “O estudo mostrou uma aderência muito grande. Foi um resultado bastante promissor, pensando que elas fizeram sozinhas em casa, sem um fisioterapeuta”, comenta Juliato.

COMO O APLICATIVO FUNCIONA
Apesar de o Diário Saúde ter sido criado para realizar os exercícios em casa, é necessário uma consulta inicial com o fisioterapeuta para que ele explique como devem ser feitos.
Em casa, a paciente é lembrada pelo app para não deixar de fazer a prática. Na hora da sessão, ela escolhe o exercício e recebe as orientações básicas sobre o número de vezes que os movimentos devem ser repetidos, a duração da prática e a intensidade.

A grande inovação do programa é que ele orienta através de um guia visual e auditivo. “Ele tem um gráfico que mostra a intensidade e a duração da contração. Também tem uma música que é ritmada seguindo a frequência do exercício. Então, você segue a música e a informação gráfica para fazer as contrações dos músculos perineais”, explica a ginecologista.

No fim da prática, a paciente registra como está se sentindo. Todos esses dados ficam armazenados na nuvem e podem ser acessados, em formato de gráficos, pelo fisioterapeuta. Dessa forma, ele consegue acompanhar a evolução.

O aplicativo ainda não está disponível para uso da população em hospitais e clínicas de fisioterapia pois precisa ser licenciado por alguma empresa.

Saiba mais sobre a incontinência urinária De acordo com a urologista Maria Claudia Bicudo, da SBU, a incontinência ocorre quando o mecanismo de funcionamento da bexiga ou da uretra -os órgãos que realizam o armazenamento e a eliminação da urina, respectivamente- deixam de funcionar corretamente. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como genética, obesidade, menopausa, lesões musculares e gravidez.

Além da fisioterapia, ajustes na alimentação fazem parte do tratamento. Em casos mais complexos, pode-se partir para a cirurgia, que tem como objetivo melhorar a resistência e o suporte do canal. A escolha da terapia depende do tipo de incontinência e do quanto ela afeta a qualidade de vida da paciente.