Salvador já está em clima de Carnaval e para os marinheiros de primeira viagem na folia soteropolitana sempre surgem algumas dúvidas sobre os dias tão esperados. O que fazer, o que evitar, onde ficar…? Enfim, são tantas questões comuns que a coluna, com a experiência de mais de duas décadas no evento, te ajuda a elucidar a seguir. E mesmo que você não vá esse ano, se tem vontade de se programar para ir, são dicas atemporais. Confira!
1 – O Carnaval de Salvador é perigoso?
Como todo evento de grandes proporções, é claro que a folia tem seus riscos, mas nada que nós, brasileiros, não saibamos como lidar. Vamos combinar que não precisa ir com jóias, cartões e grandes quantias em dinheiro. Leve o mínimo: uma identificação, o celular e o que vai gastar. Os circuitos são de rua, mas só podem ser adentrados pelos pórticos de segurança, que contam com revista com detectores de metais. O maior cuidado é mesmo com as aglomerações. Evite-as. Use as doleiras, vendidas aos montes pelos cambistas, e guarde tudo por dentro da roupa.
2 – Dá pra se divertir com segurança e conforto nas pipocas?
Sim! Mas é preciso saber que trios elétricos são mais seguros para ir atrás. Um dos trios cuja passagem é um imã para brigas é o do cantor Igor Kannário. O artista não se ‘bica’ com a polícia por supostamente exaltar facções criminosas, mas por outro lado, atrai uma multidão de fãs. As confusões são uma “certeza” e o melhor é ficar bem longe para evitar riscos. Já curtir os trios sem cordas de bandas como a Timbalada, Cheiro de Amor, Ivete Sangalo e companhia, são sinônimos de diversão até com mais conforto do que dentro dos blocos superlotados. Não deixe de ir!
3 – Dá pra comprar abadá mais barato de cambistas?
Depende! Blocos como os de Bell Marques, em especial o Camaleão, são sempre caros. O cantor já está com o domingo esgotado – dia em que chegam cruzeiros na cidade com turistas dispostos a gastar muito para curtir o ex-chicleteiro. As camisas giram em torno de R$ 1 mil por um único dia. Por outro lado, outras bandas famosas sempre têm abadás mais baratos que nas lojas nas mãos dos cambistas. Contudo, é preciso conferir se o produto não é falsificado, já que a indústria da pirataria também invade a folia baiana.
4 – Onde pechinchar os abadás?
O Carnaval de Salvador conta com uma feira só de venda de abadás de blocos e camarotes. Fica no Jardim Brasil, ao lado do Shopping Barra. São vários cambistas oferecendo as mais diversas camisas. A dica é pesquisar e pechinchar bastante. Outra recomendação é esperar o bloco sair. No desespero para não ficar no prejuízo, os preços caem e como o circuito tem 4 km e muitas horas de caminhada, dá pra comprar e correr atrás do bloco. O Jardim Brasil fica bem perto do circuito Barra-Ondina, caminhando.
5 – Por que as pessoas se afastam dos policiais enfileirados?
A segurança do Carnaval em Salvador é feita por policiais que andam enfileirados em grandes números. Eles circulam por todo o percurso, ao lado das cordas dos blocos e trios pipocas. Sisudos, não são gentis e estão sempre de cara amarrada, impondo um respeito a base de cacetete com quem está na frente ou teima em arrumar confusão. Passe longe!
6 – Tem muito assédio na folia?
Já foi pior. Assim como a humanidade, o Carnaval de Salvador vem se adequando aos novos tempos. O maior exemplo disso é o bloco As Muquiranas. A agremiação onde só desfilam homens fantasiados de mulheres já foi alvo de muita polêmica com suas armas de água que tinham como alvos qualquer pessoa. As reclamações resultaram em uma proibição do Ministério Público e o que se vê hoje em dia é a irreverência das Muquiranas com seus leques barulhentos que assustam os incautos em cenas hilárias. Por outro lado, saiba que pedir um colar pros Filhos de Gandhi significa trocá-lo por um beijo. Consentido, é claro…
7 – O que vale a pena conferir na primeira vez no Carnaval?
O sábado de Carnaval é marcado por um ritual na ladeira do Curuzu, no Bairro da Liberdade, onde se celebra a saída do bloco Ilê Aiyê. É um momento muito bonito com banho de pipoca, pó de pemba e soltura das pombas brancas da paz. Vários famosos marcam presença no local. Assista a saída. É uma experiência antropológica.
8 – Quais as maiores ciladas dos dias de folia?
São várias, mas as principais são as ciganas que lêem as mãos na frente do Mercado Modelo e depois te pedem muito dinheiro; os pintores corporais que cobram algumas centenas de reais depois de te pintarem quase na marra; as pessoas que te “dão” fitinhas do Bonfim em frente ao Elevador Lacerda e depois vão pedir grana; além das baianas do Acarajé do Pelourinho que cobram para tirar fotos com vocês. Fuja dessas roubadas!
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