Quem viaja sabe: há muitas formas de se conhecer uma cidade. Uns preferem os museus de arte, outros os monumentos históricos. Mas para quem carrega o futebol como idioma afetivo, poucos passeios são tão imersivos quanto caminhar pelas arquibancadas silenciosas de um estádio vazio, onde cada canto ecoa memórias de gols, glórias e gritos de torcidas apaixonadas.
Sempre que a coluna deixa Belém e aterrissa em novas cidades, esse tipo de experiência está no roteiro – um tipo de turismo que se tornou não apenas emocional, mas institucionalizado. A Arena Beira-Rio, em Porto Alegre, por exemplo, é uma parada quase obrigatória para quem valoriza a simbiose entre esporte, arquitetura e memória. Ali, entre vitrines de taças e corredores com imagens do Internacional, nasceu uma simpatia genuína por esse clube que entende o futebol como patrimônio cultural.
Mas se a capital gaúcha guarda essa beleza vermelha às margens do Guaíba, São Paulo vem transformando o futebol em um verdadeiro motor turístico. Só no primeiro semestre de 2025, mais de 200 mil visitantes se renderam aos encantos das chamadas ‘Rotas do Futebol SP’, explorando estádios, museus e centros de memória em destinos que vão do litoral à metrópole paulistana.
Roteiros Turísticos do Futebol
O Museu Pelé, em Santos, por exemplo, não apenas exibe a trajetória do rei do futebol, como também nos faz mergulhar na alma de um Brasil que cresceu com ele – com direito até a uma réplica da Barbearia do Didi, frequentada pelo craque. A Vila Belmiro, logo ali perto, recebeu cerca de 40 mil pessoas, muitas delas emocionadas ao pisar no gramado onde Pelé fez história.
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Na capital paulista, o “Tour Casa do Povo”, na Neo Química Arena, mostrou a força do Corinthians ao dobrar o número de visitas guiadas, oferecendo ao público até encontros com ex-jogadores. O Allianz Parque, do Palmeiras, e o Morumbis, do São Paulo, também somam milhares de visitantes, a maioria formada por turistas de fora do estado e até de outros países. Curioso: no Allianz, apenas de 20% a 30% dos visitantes são palmeirenses – o resto vai pela experiência.
A História do Futebol no Brasil
E no coração do Pacaembu, o Museu do Futebol continua sendo uma joia: interativo, emocionante e didático, ele narra o futebol como quem conta a história do próprio país, desde os tempos de Charles Miller, que trouxe o esporte da Inglaterra com uma bola debaixo do braço e o livro de regras na mala. Tudo isso se torna ainda mais simbólico neste 19 de julho, Dia Nacional do Futebol.
Na Fonte Nova, em Salvador, a coluna viveu recentemente a emoção de um jogo do Bahia pela Libertadores. Ali, os gritos da torcida se fundiam ao ritmo do axé, transformando o estádio em um carnaval fora de época. E o Maracanã, palco de tantas partidas que ecoam a paixão nacional é a cereja do bolo desse tour que deve fazer parte do roteiro de qualquer turista. Cada estádio tem sua alma. Cada cidade, seu canto. E o futebol, nesse cenário, é mais que jogo: é uma ponte entre culturas, corações e territórios. Na próxima parada, quem sabe onde a bola vai nos levar?
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