Voltamos com mais uma coluna sobre Santiago, no Chile. Se na última edição você conheceu um pouco mais sobre vinícolas e as paisagens naturais da capital chilena, agora vamos te mostrar o lado cultural e profano.
Visitar Santiago é uma ótima oportunidade para conhecer uma das casas de Pablo Neruda, a La Chascona – ele tinha três imóveis, os outros dois em Valparaíso e El Quisco. Reconhecido mundialmente, o poeta vivia em um belo imóvel no bairro Bellavista, onde hoje funciona o museu, que conta boa parte da história de Neruda, seu ativismo político, luta contra a ditadura e seu amor por Matilde Urrutia, a ‘La Chascona’, apelido que dá nome ao memorial.
A casa encravada em uma montanha tem uma visão formidável para o Cerro San Cristóbal, repleta de jardins e espaços personalizados, até uma cachoeira passava pela área externa, na época em que o poeta, falecido em 1973, vivia com a amante (sim, essa é uma das histórias da vida de Neruda contada na visita ao museu).
Ter contato com os objetos pessoais do poeta, obras de arte trazidas de vários lugares do mundo, ver os espaços como o jardim de inverno, salas onde recebia seus amigos e onde escrevia seus poemas é uma experiência que, sem dúvida, vale a pena.
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CAFÉ CON PIERNAS
Mas, nem só de cultura literária vive Santiago. No centro da cidade, uma tradição que ao menos no Brasil seria alvo de cancelamento são os ‘Cafés Con Piernas’. Como o próprio nome sugere, nesses cafés, só existem garçonetes e todas, ou a grande maioria, com corpos esculturais. Elas usam uniformes minúsculos e colados ao corpo, estão sempre muito bem maquiadas, unhas feitas e com as pernas à mostra. Verdadeiras modelos que atendem frequentadores, em sua maioria, homens, de meia idade, com cara de quem acabara de sair de seus trabalhos.
As garçonetes sentam às mesas e emendam longos bate-papos com os clientes, em uma espécie de terapia paga com boas gorjetas, enquanto servem bebidas, tortas e outros itens do cardápio. O Café con Piernas é uma tradição antiga em Santiago e em alguns estabelecimentos as mulheres servem os clientes de biquíni. Difícil imaginar essa exploração do corpo feminino por aqui em tempos de politicamente correto e valorização da mulher. De qualquer forma, ao visitar Santiago, não deixe de passar ao menos em frente aos ‘Cafés Con Piernas’ e tire suas próprias conclusões. É uma experiência antropológica!
Fale com o colunista: [email protected] / @luizoctav
