Na manhã de 16 de julho de 2025, há pouco mais de um mês, um grave acidente na BR-153, na divisa entre Tocantins e Goiás, interrompeu de forma brutal a trajetória de jovens que seguiam em direção a Goiânia para participar do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Um micro-ônibus da Universidade Federal do Pará (UFPA), que fazia parte de um comboio de quatro veículos oficiais transportando estudantes, se chocou com uma carreta.
Cinco pessoas morreram, sendo quatro integrantes da comunidade acadêmica da UFPA — três estudantes de Belém e o motorista do micro-ônibus, vinculado ao campus de Altamira. Outras vítimas ficaram feridas, algumas em estado grave. O impacto da tragédia abalou não apenas o Pará, mas mobilizou autoridades, instituições de ensino e milhares de jovens em todo o país.
As vítimas fatais foram Ademilson Militão de Oliveira, motorista do micro-ônibus, servidor do campus UFPA/Altamira; Leandro Souza Dias, estudante de Farmácia do campus de Belém; Ana Letícia Araújo Cordeiro, estudante de Pedagogia do campus de Belém; Welfesom Campos Alves, estudante de Produção e Multimídia do campus de Belém. Houve ainda uma quinta vítima, que era o motorista da carreta, Keyne Laurentino de Oliveira.
Ao todo, 138 pessoas faziam parte da caravana da UFPA rumo ao congresso da UNE. O micro-ônibus atingido transportava 27 estudantes, dois motoristas e um coordenador. O choque contra a carreta foi fatal para quatro membros da comunidade universitária e deixou dez pessoas hospitalizadas em cidades como Porangatu (GO), Alvorada do Norte (TO), Gurupi (TO), Palmas (TO) e Uruaçu (GO).
Até o dia seguinte, sete dos dez feridos já haviam recebido alta médica, mas dois estudantes permaneciam internados em estado grave, um em Palmas e outro em Uruaçu. A UFPA enviou representantes a cada hospital para acompanhar de perto a evolução clínica dos sobreviventes e oferecer apoio às famílias.
Em solidariedade às vítimas, a UFPA decretou luto oficial de três dias. Em Belém, o Auditório Setorial Básico do campus Guamá foi preparado para receber o velório coletivo dos três estudantes, a pedido das famílias. Em Altamira, a comunidade acadêmica se organizou para prestar a última homenagem à quarta vítima ligada à instituição.
A logística de traslado para o estado do Pará contou com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Científica do Pará, além da colaboração da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp).
Desde as primeiras horas após o acidente, a UFPA mobilizou uma estrutura de atendimento emergencial. Foi criada uma Central de Acolhimento no prédio Mirante do Rio, no campus Básico, em Belém, onde psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e enfermeiros receberam familiares, amigos e colegas impactados pela tragédia.
Um número de telefone foi disponibilizado para quem não pudesse comparecer presencialmente, garantindo acesso remoto a apoio psicológico e informações. O acolhimento também foi estendido aos motoristas e servidores que faziam parte da caravana.
O episódio sensibilizou autoridades em todo o país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emitiu nota de pesar horas após o acidente, e no dia seguinte se reuniu em Goiânia com sobreviventes da delegação paraense e familiares das vítimas. O encontro ocorreu de forma reservada, .
Na ocasião, Lula colocou à disposição a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para reforçar o atendimento hospitalar, auxílio esse que inclui o deslocamento por aeronave do SUS.
O Congresso da UNE, que reunia milhares de jovens no Centro de Convenções da Universidade Federal de Goiás (UFG), transformou-se em um espaço de homenagem. Durante a abertura, no mesmo dia 16, estudantes de todo o Brasil fizeram um minuto de aplausos em memória dos colegas da UFPA. Ministros, parlamentares e reitores presentes também prestaram solidariedade às famílias e à comunidade acadêmica paraense.
A tragédia expôs a vulnerabilidade de trajetórias interrompidas de forma abrupta. Jovens que partiam em busca de conhecimento, debate político e vivência acadêmica tiveram seus sonhos interrompidos na estrada. Ao mesmo tempo, a mobilização de diferentes instituições, autoridades e da própria comunidade estudantil revelou uma rede de apoio que ultrapassa fronteiras.
Em nota oficial, a Administração Superior da UFPA destacou que seguirá oferecendo suporte integral às famílias das vítimas e aos sobreviventes. “O momento é de profunda dor, mas também de solidariedade. Nossa prioridade é garantir acolhimento, assistência e condições seguras de retorno aos nossos estudantes”, afirmou a reitoria àquela ocasião.