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Você sabia que as árvores sabem se defender? Conheça alguns mecanismos

O trabalho iniciou em 2022 e mapeou os oito distritos administrativos de Belém. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
O trabalho iniciou em 2022 e mapeou os oito distritos administrativos de Belém. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Insetos, fungos e o ser humano são os principais predadores das árvores, mas elas não estão completamente desprotegidas. Obviamente que não existe defesa contra um ser humano com uma motosserra, mas em certas situações elas têm mecanismos para evitar o contato próximo de bichos e microrganismos.

No meio urbano alguns insetos se alimentam de material lenhoso, que nada mais é que a madeira do tronco da árvore. O besouro-broca, o cupim e a formiga são alguns dos principais interessados neste tipo de sustento. Já os fungos, que são microrganismos com capacidade de crescer e viver em diferentes ambientes, se aproveitam de momentos de chuva forte e quedas de galhos, que deixam certos pontos da árvore expostos, para se alimentar.

“A broca faz um buraco na madeira e lá no fundo deposita seus ovos. Ao eclodir, as larvas começam a se alimentar do tecido no interior do tronco. Os fungos, bactérias e até mesmo outros insetos se aproveitam das quedas de galhos, que acabam abrindo uma janela para infestação”, explica o analista de meio ambiente do Butantan Renan Rodrigues da Costa.

Mas como pode um ser vivo como a árvore, que não se movimenta, ter habilidades para se defender? São os fenômenos da natureza, que resultam de milênios e milênios de evolução e adaptação ao meio, que permitiram que isso pudesse acontecer hoje. Para evitar uma infestação de larvas de besouro-broca em seu interior, por exemplo, a árvore expele uma resina de dentro para fora para tentar expulsar os insetos invasores.

Existe também o processo chamado de compartimentalização da madeira ou do lenho, uma estratégia por meio da qual a árvore atacada por insetos e microrganismos é capaz de criar uma barreira morfológica que impermeabiliza sua casca. Depois, naturalmente, uma nova casca é formada.

“No laboratório nós conseguimos ver que, quando começa uma infecção fúngica, surgem alguns traços ao redor dos anéis de crescimento que, na verdade, são barreiras de nutrientes criadas pela própria árvore para tentar evitar o espalhamento desses fungos”, diz Renan.

Além de lesões no tronco, as árvores também podem sofrer com doenças fúngicas nas folhas e na raiz, conforme o tipo de patógeno envolvido. Na agricultura costuma-se aplicar tratamentos químicos para prevenção de ataques, mas no contexto urbano essa prática é proibida. A alternativa é usar medidas de controle, como o acompanhamento durante a evolução da árvore e podas de limpeza para remoção de galhos secos ou doentes.

Fonte: Instituto Butantan