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Brasil: 66% dos municípios não estão preparados para mudanças climáticas

Estado diminuiu área recoberta por alertas em 1.199 km2, de acordo com dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Dados do Inpe apontam redução equivalente a 35,3% de toda a região no período de agosto a dezembro de 2023 Foto: Agência Pará

A secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, disse que 3.679 municípios brasileiros, ou seja, 66% de um total de 5.570, não estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas. Ela explicou à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados que o governo está trabalhando em planos setoriais que favoreçam a mitigação do problema e a adaptação.

Em seminário realizado nesta quinta-feira (19), vários convidados e a deputada Socorro Neri (PP-AC) afirmaram que parcelas significativas das autoridades públicas e da sociedade ainda não têm o “senso de urgência” necessário para enfrentar o tema.

“É fundamental que mais auditórios como esse, lotado de parlamentares, façam essa discussão. E que sejam aprovadas iniciativas de enfrentamento das quais tanto necessitamos”, disse Socorro Neri, que propôs a realização do debate.

Inundações
Ana Toni informou que 4 milhões de pessoas no Brasil foram afetadas diretamente por eventos relacionados às mudanças climáticas entre 2013 e 2022, como a redução das chuvas entre o centro e o norte do País e as inundações nas regiões sul e sudeste.

Essas mudanças, segundo ela, devem fazer com que 10,6 milhões de hectares relacionados à agricultura sejam perdidos até 2030. Muitas culturas, apontou a secretária, terão de ser deslocadas de lugar.

Modelo de agricultura
Para o coordenador de Política Socioambiental do Instituto Democracia e Sustentabilidade, Marcos Woortmann, os agentes públicos têm feito escolhas ruins do ponto de vista da segurança alimentar, privilegiando a agricultura de exportação.  Ele lembrou que as mudanças climáticas devem tornar essas opções mais difíceis.

Segundo Wortmann, a soja recebeu R$ 56 bilhões em subsídios em 2022, enquanto a cesta básica teve metade disso. Ele também citou o exemplo dos investimentos na Ferrogrão, ferrovia que busca escoar os produtos de exportação.

“O Brasil escolheu investir na Ferrogrão e não investir em interligações periurbanas que permitiriam ao agricultor familiar trazer sua produção diretamente, sem passar por intermediários, em pequenos centros”, comentou.

Woortmann pediu aos parlamentares que revejam a permissão para que as propriedades rurais localizadas no Cerrado possam desmatar até 80% dos seus espaços.

Acordo de Paris
Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Patrícia Pinho lembrou que o Acordo de Paris, de 2015, tinha o objetivo de estabilizar o aquecimento global em 1,5 grau, no máximo 2, até 2100. A comparação é com a média do período pré-industrial, entre 1850 e 1900.

Segundo Patrícia, quase 40% da população global já vivem em regiões que, nos últimos dez anos, experimentaram a meta de aquecimento aceitável.

Fonte: Agência Câmara de Notícias