*Com informações de Cintia Magno
Os impactos gerados pelas mudanças climáticas são cada vez mais claros. Segundo dados do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, nos últimos 10 anos, cerca de 93% das cidades do Brasil foram atingidas por algum tipo de desastre. Só no setor privado, esse número representa um prejuízo de mais de R$ 320 bilhões em áreas como agricultura, indústria e serviços.
Discutir formas de mitigar os efeitos causados por essas mudanças é o ponto central da COP 28, maior evento climático do mundo, que ocorre desde o dia 30 de novembro em Dubai, nos Emirados Árabes, reunindo chefes de Estado, autoridades e setor empresarial, discutindo formas de construir políticas mais sustentáveis e que amenizem os prejuízos vivenciados pela população e Estados.
Um dos participantes é a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), que participou de mesas de negociação e reuniões para discutir projetos para o setor. “A confederação tem tido um papel cada vez mais relevante, mais participante dentro da agenda de sustentabilidade”, afirma o presidente da entidade, Dyogo Oliveira. “A gente entende que o seguro é uma solução para isso, seja para o setor privado, para o setor público. Cada vez mais a sociedade está suscetível a sofrer as consequências desses eventos climáticos, e a gente precisa se preparar de um jeito organizado, eficiente e racional, para rapidamente atender as necessidades da população”.
Com propostas para agilizar a recuperação econômica após a ocorrência de desastres, aliviando a carga sobre o setor público, e proporcionando a oportunidade de cobertura para governos, empresariado e população, o setor de seguros vem se destacando como um aliado no enfrentamento a desastres ambientais.
“Aqui na COP a gente vê que começou a crescer a percepção de que o seguro é uma boa solução para lidar com os problemas climáticos. A gente tem impactos na infraestrutura pública, privada e na vida das pessoas. E para tudo isso, é possível desenvolver produtos de seguros adequados, para recuperar rápido a estrutura, atender bem à pessoas que sofrem um desastre”, continua Dyogo.
Em sua participação na COP 28, a CNseg apresentou duas principais propostas. Uma delas é o Seguro Social de Catástrofe, que funciona como um amparo imediato para famílias vítimas de desastres como chuvas, inundações ou desmoronamentos. Pelo projeto, as famílias afetadas receberiam uma indenização emergencial de R$ 15 mil em um dia após o incidente. “É um recurso para usar livremente, seja para comprar alimento, medicamento, eventualmente reparar o imóvel, comprar roupas. Para que aquela família não fique ao relento, não fique sem nenhum atendimento”, afirma Dyogo. O projeto já está sendo discutido no Brasil e foi apresentado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Além disso, a CNseg conseguiu a assinatura do acordo de cooperação com o ICLEI, associação mundial de governos locais e subnacionais dedicada ao desenvolvimento sustentável, para desenvolver no Brasil um seguro para infraestrutura urbana.
“Quando tiver um desastre, uma ponte, uma quebra de rodovia, hospital ou qualquer infraestrutura urbana do município, então teria rapidamente a reconstrução pela seguradora. Isso existe em outros países, mas ainda não no Brasil, então vamos participar desse estudo juntos com o Iclei, para desenvolver esse produto”, segue o presidente da CNseg. Inicialmente, cinco municípios participarão do estudo, subsidiados pelo banco alemão KfW.
“É uma iniciativa super importante. A gente sabe a dificuldade que os municípios têm para reconstruir. Mesmo quando tem verba, tem uma complicação de licitação, compra pública. As vezes passa um ano e não reconstrói”, completa Dyogo. “Com a seguradora é muito rápido, mais fácil. A seguradora contrata as empresas ou recompõe o orçamento do município quando forem afetadas”.
Além do amparo em caso de desastres naturais, o convênio ainda prevê uma série de ações de prevenção em municípios para que melhorem sua infraestrutura, tornando mais resistente.