PESQUISA

UFPA recebe financiamento para pesquisas na Amazônia

Seis projetos da UFPA são selecionados em edital nacional para expedições científicas na Amazônia

Seis projetos da UFPA são selecionados em edital nacional para expedições científicas na Amazônia
Seis projetos da UFPA são selecionados em edital nacional para expedições científicas na Amazônia

Seis projetos da Universidade Federal do Pará (UFPA), com foco na ampliação do conhecimento sobre a sociobiodiversidade amazônica, foram contemplados no edital “Expedições Científicas”, da Iniciativa Amazônia +10. A chamada é uma parceria entre o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com apoio de instituições internacionais de fomento à pesquisa.

Além das 19 Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) brasileiras, o edital também recebeu apoio da UK Research and Innovation (UKRI), do Reino Unido, e da Swiss National Science Foundation (SNSF), da Suíça. Ao todo, foram aprovados 22 projetos, que receberão um investimento total de aproximadamente R$ 76 milhões, distribuídos ao longo de 36 meses de expedições científicas na região amazônica.

Pesquisas sobre mercúrio na floresta

Um dos projetos da UFPA selecionados é liderado pelo professor Rafael Lima, que estuda os impactos da contaminação por mercúrio em áreas remotas da Amazônia. Sua pesquisa faz parte do projeto “EcoTaxÔmica”, que une ferramentas de genômica e proteômica para identificar biomarcadores moleculares relacionados à exposição ao metal pesado.

Durante os três anos de duração do projeto, a equipe liderada por Rafael, com participação dos professores Marília Buzulaf (USP) e Ângelo Parise Pinto (UFPR), visitará oito comunidades da Reserva Extrativista Arapiuns-Tapajós, entre os municípios de Santarém e Aveiro (PA). A região é conhecida por apresentar altos índices de contaminação por mercúrio, oriunda de atividades garimpeiras ilegais.

Segundo o professor, a biodiversidade local — incluindo espécies endêmicas de libélulas — será monitorada como parte da análise ambiental. “Vamos coletar e comparar amostras de libélulas e peixes das comunidades para investigar a presença de mercúrio. Esses animais são bons indicadores de contaminação e também fazem parte da alimentação das mais de 15 mil pessoas que vivem ali”, explica Rafael.

Ciências humanas também em campo

Outro destaque entre os projetos aprovados é o da professora Nírvia Ravena, com a proposta “Monitoramento participativo dos territórios tradicionais”, que busca desenvolver uma plataforma digital de coprodução de dados sobre a sociobiodiversidade amazônica, em parceria com as próprias comunidades locais.

Para Nírvia, esse tipo de iniciativa representa um avanço importante para as ciências humanas. “Pesquisar na Amazônia exige uma logística complexa e cara. E mais do que isso, exige uma forma de interação respeitosa e próxima com os povos tradicionais, para que o conhecimento seja produzido de forma conjunta”, destaca.

Ela reforça que o financiamento para pesquisas em campo na Amazônia ainda é um desafio, sobretudo para áreas como a antropologia, geografia e sociologia. “É preciso qualificar pessoas para esse tipo de trabalho, e isso é muito mais difícil do que em outras regiões do país”, pontua.

Confira os projetos da UFPA aprovados no edital

  1. Monitoramento participativo dos territórios tradicionais: plataforma digital de coprodução de dados sobre a sociobiodiversidade em áreas amazônicas
    Coordenação: Nírvia Ravena
  2. Bioprospecção da biodiversidade amazônica na comunidade Tembé e seu potencial biotecnológico no contexto do desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente
    Coordenação: Rommel Thiago Jucá Ramos
  3. AquaInvert-Amazônia: integrando ciência e saberes locais para conhecer a biodiversidade de invertebrados aquáticos em áreas de altitude da Amazônia
    Coordenação: Bruno Spacek Godoy
  4. Caminhos ancestrais: patrimônio biocultural, pesquisa colaborativa e etnoconservação no corredor de sociobiodiversidade do interflúvio Xingu e Tapajós
    Coordenação: Sonia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos
  5. A onça-pintada como um ativo ambiental: compreendendo as interações com povos tradicionais e promovendo o desenvolvimento sustentável no Amapá
    Coordenação: Sheyla Farhayldes Souza Domingues
  6. EcoTaxÔmica: expedições para desbravamento da biodiversidade na Amazônia utilizando genômica e proteômica na caracterização taxonômica molecular e no biomonitoramento da contaminação mercurial
    Coordenação: Rafael Rodrigues Lima

Os seis projetos foram apoiados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).