Um levantamento recente divulgado pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) aponta que a Uber tem cobrado mais dos usuários pelas corridas, ao mesmo tempo em que reduz a fatia destinada aos motoristas parceiros. Os dados revelam uma mudança significativa na dinâmica financeira da plataforma no Brasil.
Segundo o estudo, entre 2018 e 2023, o valor médio das corridas subiu mais de 80%, enquanto o repasse proporcional aos motoristas caiu cerca de 17% no mesmo período. A pesquisa analisou dados de viagens em várias capitais brasileiras, com base em simulações e informações obtidas junto a motoristas.
De acordo com os pesquisadores, embora o preço final das corridas tenha aumentado, os condutores vêm recebendo uma parcela menor do valor total, o que tem gerado insatisfação entre os profissionais do setor. A margem da plataforma — ou seja, a diferença entre o que o cliente paga e o que o motorista recebe — também aumentou.
“A falta de transparência nos cálculos de tarifa e repasse dificulta que o motorista entenda exatamente quanto ganha por viagem”, afirmou o ITDP em nota.
O estudo também aponta que, com o fim da tarifa mínima fixa e a adoção de um modelo dinâmico e variável, os motoristas têm enfrentado maior instabilidade na remuneração. A Uber, por sua vez, alega que os valores pagos consideram diversos fatores, como tempo, distância e demanda local, e que constantemente revisa seus critérios para garantir equilíbrio na plataforma.
A discussão sobre a remuneração de motoristas por aplicativos ganha relevância em um cenário de alta informalidade e ausência de regulamentação clara sobre direitos trabalhistas desses profissionais no Brasil.