Carol Menezes
Houve um tempo em que o Pará foi um estado escasso de oportunidades com boas remunerações em Tecnologia da Informação (TI), mas a partir da pandemia muitas oportunidades surgiram não só aqui como no Brasil e no mundo. Um dos motivos dessa mudança de cenário é a chegada das startups, criando muitas vagas nesse mercado, avalia Paulo Sena, que é doutorando em Ciência da Computação e coordena os cursos dessa área na faculdade privada Estácio.
De acordo com a Associação de Empresas de Tecnologia, Informação e Comunicações, até 2025 deverão ser abertas cerca de 540 mil novas vagas na área no país. “Antes da pandemia eram poucas as oportunidades locais e o salário era inferior a média nacional. Hoje, isso mudou, muitas oportunidades estão surgindo e não somente na capital, mas nas cidades do interior também”, detalha o coordenador.
Paulo Sena entende que a popularização do teletrabalho, também chamado de home office, tornou a localidade do trabalhador um fator de pouca importância. Assim, muitas empresas nacionais e até internacionais conseguem contratar profissionais da área a partir de qualquer lugar para trabalhar remotamente. Seja a empresa em São Paulo ou até em outro país ou continente, consegue empregar uma pessoa de Belém ou do interior, com facilidade, sem o profissional nem precisar sair de sua casa mais.
De olho nesse nicho, o mercado de cursos de formação superior e técnica nessa área também cresceu. “Observo que o que vem com mais força nos últimos anos são os cursos tecnológicos, que são graduações superiores de cinco, seis meses de duração, focados em áreas específicas da TI, por isso são de menor duração. Com o home office e os altos salários, a área de TI se tornou extremamente atrativa, mais do que já era, e isso tem promovido um movimento de muitas pessoas de outras áreas pra TI”, relaciona.
Diante disso, o docente, que também tem formação de técnico em informática pelo Instituto Federal do Pará (IFPA), vê uma perspectiva e tanto de expansão, e cada vez mais rápido. “O conforto de trabalhar sem sair de casa, com salários acima da média, com certeza faz o mercado aquecer. Outro fator é o aumento considerável no volume de dados consumidos na internet, principalmente com a popularização das redes sociais e a exponencial melhora no serviço de internet no Brasil, que a cada ano alcança velocidades cada vez maiores, com preços cada vez mais baixos”, pontua.
Redes móveis, como 4G e 5G, se tornando mais baratas, junto com preços dos smartphones, facilitaram a inclusão digital de pessoas que dez anos atrás, por exemplo, não tinham acesso a esse mundo da informação e internet. Esse grande aumento no consumo de dados proporcionou o surgimento de novas áreas na TI, como por exemplo a ciência de dados, com profissionais que tratam o “big data”, isto é, estudam, analisam, filtram e geram estratégias a partir destes grandes volumes de dados.
Outra área que ganha muita força, de acordo com Sena, é a segurança da informação. Naturalmente, com mais pessoas usando a internet, colocando seus dados em cada vez mais sistemas e aplicativos, aumentou ainda mais a necessidade de proteção dos dados sensíveis das pessoas, e dos seus computadores, celulares, tvs, relógios, etc., já que tudo se conecta à internet hoje.
“Sem falar é claro das áreas de desenvolvimento de sites e aplicativos, redes, banco de dados, entre outras, que com mais pessoas nesse mundo da TI, mais sistemas e apps surgem, demandando banco de dados, sejam eles relacionais ou não, mas que se adaptem a realidade de cada negócio”, explica.
“E a área de redes sem dúvida, a internet, só cresce devido a essa área, que ganhou bastante força nos últimos anos com as redes móveis e criptomoedas (bitcoins, ethererum etc.) através de blockchains, dentre outras diversas áreas. Ou seja, o que não falta na TI é oportunidade de trabalho eu dezenas de áreas diferentes, para todos os gostos”, estimula.