Daniela Arcanjo/Folhapress
Quem trabalha em empresas privadas pode estar perdendo os jogos do Brasil na Copa do Mundo deste ano. Dia de partida com o time brasileiro não é feriado e a dispensa do trabalho depende da política de cada companhia.
Apesar disso, muitas empresas fizeram arranjos para liberar a equipe com antecedência ou fazer pausas e assistir aos jogos entre um turno e outro. Há, porém, companhias que optaram por não estabelecer nenhum tipo de folga ou intervalo.
“Diferentemente de todas as outras Copas, esta está acontecendo no final do ano, um período complicado para muitas empresas”, afirma Marcelo Treff, professor de gestão de pessoas da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado). Aqueles que não tiveram acordos do tipo podem se mobilizar para tentar negociar com o chefe. Para encaminhar esse tipo de demanda, é importante eleger um representante, pensar em argumentos e estar preparado para ouvir uma negativa.
Empresas privadas não são obrigadas a liberar os funcionários, e qualquer dispensa deve ser acordada com a chefia. Abandonar o posto de trabalho no momento do jogo pode causar demissão por justa causa, dependendo da política de cada empresa.
O cenário é diferente para os servidores federais, por exemplo. Esses profissionais terão um horário especial de trabalho nos dias em que houver jogo do Brasil, determinado em portaria do Ministério da Economia.
Além disso, algumas cidades decretaram ponto facultativo, o que libera somente os servidores municipais do trabalho. Diferentemente do feriado, o ponto facultativo é ato administrativo que dispensa do trabalho os servidores públicos nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Para negociar essa demanda, é importante fazer uma reunião entre os funcionários para entender os desejos de cada um e chegar a consensos.
Pleitear o encerramento do expediente meia hora antes do início jogo, por exemplo, pode ser inútil para quem mora longe do trabalho. Nesse caso, é possível analisar se vale a pena pedir uma liberação com mais tempo de antecedência ou solicitar que todas assistam ao jogo da empresa. Caso haja discordâncias, o mais adequado é fazer votações e decidir pelo desejo da maioria.
Na reunião, é interessante escolher um representante para falar com a chefia, segundo Marcelo Treff. Dessa forma, o tempo de todos é poupado e corre-se menos risco do encaminhamento da demanda virar uma reunião. “Esse um organiza uma fala mais assertiva e objetiva. Se vai muita gente, cada um tem uma opinião”, afirma o professor de gestão de pessoas.
“Quando a pessoa está disposta a fazer uma negociação, ela tem que considerar a possibilidade da negativa. E diante da negativa, não se deve reagir de uma maneira destemperada. Ter uma resposta intensa demais pode até prejudicar futuras negociações”, diz a psicóloga Ana Carolina Peuker, cofundadora da startup de saúde profissional Bee Touch.
Não há uma regra uniforme para todas as empresas sobre para qual departamento ou cargo o pedido deve ser direcionado. Em empresas maiores, o setor que recebe esse tipo de pedido costuma ser o RH; nas menores, o próprio chefe. Na hora de pensar em argumentos, considere os interesses da empresa para propor arranjos factíveis e antecipar possíveis objeções.
Se o dia do jogo é o de uma prestação de contas da companhia, por exemplo, é possível propor que se antecipe o trabalho no dia anterior. Ou, caso o jogo seja às 16h, que os funcionários comprometam a chegar antes para serem liberados depois. “A melhor sugestão é usar o banco de horas”, afirma a psicóloga Maria Claudia Martins, especialista em gestão de pessoas. “O objetivo é entregar o trabalho.”