Cintia Magno
Diante de um mercado de trabalho que segue aquecido, com o estado do Pará apresentando saldo positivo na geração de empregos, é preciso que os profissionais se mantenham qualificados e treinados para assumir as oportunidades que podem vir a surgir. Da mesma forma, quem já está empregado não pode perder de vista as constantes mudanças ocorridas nos mais variados campos profissionais. Para que o profissional consiga manter um diferencial competitivo, qualificação e aperfeiçoamento são fundamentais.
Para o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-PA), Junior Lopes, a busca pelo desenvolvimento e aprimoramento de competências pode se dar pelos mais variados meios, seja através de um curso de graduação, de pós-graduação, de um curso técnico ou mesmo através do aprendizado de uma língua estrangeira. Em cada um dos casos, o processo possibilita que o profissional expanda os seus horizontes.
“Quando o profissional vai fazer um curso, ele conhece novas pessoas e aumenta a sua rede de relacionamento. Além disso, dentro do ambiente corporativo essa pessoa que busca se atualizar constantemente é vista pelas lideranças e pela área de gestão de pessoas como um profissional que está buscando melhorar as suas competências e as suas habilidades para que possa aplicar dentro do ambiente de trabalho. Isso é muito positivo e, às vezes, é até exigido para quem quer ter uma progressão na carreira”.
Nesse sentido, o especialista destaca que a busca por desenvolvimento é fundamental tanto para quem está à procura do primeiro emprego, quanto para quem almeja uma recolocação ou mesmo para quem já está trabalhando.
“O mercado, hoje, é muito rápido. Para quem está no ambiente de trabalho, por exemplo, pode surgir uma nova legislação, alguma nova conduta dentro da empresa, então, isso exige do profissional uma atualização constante”, considera Junior Lopes. “Além disso, a concorrência também é grande, então, para você ter um diferencial dentro do ambiente de trabalho, o aperfeiçoamento das competências é necessário”.
Quando o profissional se mantém alinhado com as exigências que a sua função demanda, até mesmo a sua empregabilidade aumenta, já que essa qualificação passa a ser vista como um diferencial competitivo.
“Um profissional atualizado, um profissional que está constantemente buscando se desenvolver apresenta um conjunto de características que vai fazer com que ele saia na frente da concorrência”, avalia Junior. “Se ele está conectado, se atualizando e atento ao que acontece, quando vai fazer uma entrevista ou quando surge uma nova vaga dentro da empresa, a empresa vai analisar que aquele profissional tem competência e habilidades que vão atender àquela possível vaga. Então, ele aumenta as possibilidades de ser um profissional demandado pelo mercado”.
Frente a um mercado que vivencia um cenário de expansão da atuação de grandes empresas da indústria no Estado, com o surgimento de startups e a chegada de novos equipamentos e ferramentas inovadoras, é natural considerar que a demanda por profissionais também siga em expansão. Porém, a diretora da Gestor Consultoria, Nara d’Oliveira, alerta que a necessidade é cada vez maior por uma mão de obra especializada.
“A qualificação é extremamente importante porque, por exemplo, hoje um operador não opera mais máquinas manualmente, ele opera em um painel de controle. Esse profissional opera uma máquina que não é brasileira, que tem uma especificação que não está escrita em português e que foi desenhada para aquela indústria. Então, mesmo para funções de níveis operacionais, a pedida por qualificação é grande”.
Se o próprio mercado muda constantemente, a gestora avalia que, naturalmente, a demanda por profissionais que atendam às novas exigências também. “Em todos os segmentos, de todas as áreas, os ciclos das inovações são muito curtos, então, hoje você tem ferramentas e tem um modo de atuação em função das mudanças sociais que te exige, como profissional, outras habilidades”, considera Nara.
“Então, você tem que estar constantemente se atualizando, não só para conseguir uma nova posição no mercado, mas como para manter-se na sua empresa porque as empresas respondem a uma necessidade do mercado sempre. Algumas áreas existem mudanças mensais, semanais até, então, o profissional não pode ficar com o mesmo paneiro de informações que ele tinha há uma década atrás”.
Com uma demanda premente por profissionais na área da indústria, sobretudo no setor produtivo, o Diretor Regional do SENAI Pará e Superintendente do SESI Pará, Dário Lemos, reforça que a qualificação profissional precisa ser continuada.
“Essa capacitação deve ser constante, tendo em vista que as inovações tecnológicas no segmento industrial ocorrem de maneira veloz e as ocupações também passam por transformações. O profissional que trabalha na indústria precisa ser um profissional inquieto no que diz respeito a busca pelo aprimoramento de suas habilidades para crescer na carreira escolhida”.
Presente nas cinco regiões do Estado, o Senai disponibiliza uma ampla gama de cursos de qualificação para quem deseja atuar no setor industrial. No Pará, a entidade mantém atuação fixa nos municípios de Altamira, Barcarena, Bragança, Belém, Castanhal, Canaã dos Carajás, Juruti, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Santarém e São Miguel do Guamá, além de possuir 15 unidades móveis. Com essa estrutura, em 2022 o Senai pôde estar presente em 142 dos 144 municípios do Estado.
“O SENAI possui um portfólio extenso de cursos em mais de 20 grandes áreas da indústria, como, por exemplo, Mineração, Metalmecânica, Construção Civil, Automação Industrial, Tecnologia da Informação, entre outros. Os cursos ocorrem de maneira presencial e a distância, nas modalidades Iniciação Profissional, Aperfeiçoamento, Qualificação, Aprendizagem Industrial e de Nível Técnico”, explica.
“A principal demanda é para o setor da Construção Civil, que precisará qualificar, em quatro anos, mais de 30 mil pessoas no Estado. Outros setores que se destacam pela alta demanda são os de Metalmecânica, Logística e Transporte, Alimentos e Bebidas, Eletroeletrônica, Madeira e Móveis, Automotiva, Telecomunicações e Tecnologia da Informação”.
Independente da área escolhida, a empregabilidade dos profissionais que buscam os cursos de qualificação e aperfeiçoamento costuma melhorar bastante.
“A pesquisa de egressos, realizada anualmente pelo SENAI no Brasil, aponta que três em cada quatro ex-alunos do SENAI estão empregados em até um ano de conclusão, sendo 74% no mercado formal e 51,4% na área em que se formaram”, destaca Dário Lemos. “No Pará, o número é ainda melhor: 91,2% dos egressos dos cursos técnicos do SENAI estão inseridos no mercado de trabalho. Este dado comprova a importância da aproximação com o setor industrial na definição dos cursos e na incorporação das tecnologias”.
Domínio de língua estrangeira é diferencial valorizado pelo mercado
Dentro da busca por qualificação, o profissional que alcança o domínio de uma língua estrangeira também se destaca. A coordenadora dos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras (CLLE) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA), Rosana Assef Faciola, considera que todo aluno que busca aprender uma língua estrangeira apresenta um grande diferencial e uma vantagem competitiva no mercado de trabalho.
Mesmo no ambiente acadêmico, ela ressalta que a maioria da produção científica existente é reproduzida em inglês, portanto, mesmo o aluno que busca se qualificar na sua área específica de formação também é beneficiado pelo domínio da língua estrangeira. “Hoje, o inglês e o espanhol são dominantes, principalmente o inglês. Dominar o inglês é uma habilidade importante para você conseguir uma melhor vaga no mercado de trabalho e até para empregos no exterior, em multinacionais. Então, falar inglês expande possibilidades profissionais e opções de emprego”.
A preparação para o domínio de uma língua estrangeira como forma de expandir as oportunidades futuras é o caminho seguido pelo internacionalista e estudante de Jornalismo, Rodrigo Lopes, 28 anos, que decidiu estudar Mandarim, língua oficial da República da China.
“O estudo do Mandarim surgiu da minha paixão por culturas diversas e meu interesse em aprofundar meu conhecimento em Relações Internacionais e sobre a cultura chinesa. Além disso, reconheci a crescente importância da China no cenário global, o que me motivou a aprender sua língua para melhor compreender e me comunicar em futuras interações acadêmicas e de negócios”.
O jovem não tem dúvidas de que o domínio de uma língua estrangeira é um diferencial significativo no mercado de trabalho. “A capacidade de se comunicar em um idioma além do nativo facilita a negociação, construção de parcerias e a compreensão de nuances culturais, tornando-se um ativo valioso para quem busca uma carreira nessa área. Além disso, a língua é uma porta de entrada para explorar novos mercados e oportunidades em um mundo globalizado”.