TST DECIDIU

Professor que atende alunos online aos fins de semana terá direito a horas extras

A decisão levou em conta o aumento das atividades da docente após a implantação de um sistema de ensino a distância.

A consulta pública faz parte de um Incidente de Relevância, mecanismo que permite ao TST uniformizar o entendimento sobre temas com grande impacto jurídico e social.
A consulta pública faz parte de um Incidente de Relevância, mecanismo que permite ao TST uniformizar o entendimento sobre temas com grande impacto jurídico e social. . Foto: divulgação TST

A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu a favor de uma professora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, em Bauru (SP), garantindo-lhe o direito ao pagamento de horas extras. A decisão levou em conta o aumento das atividades da docente após a implantação de um sistema de ensino a distância.

A professora, que lecionava nos cursos de fisioterapia e enfermagem desde 1996, relatou que, com a adoção de uma nova metodologia pedagógica informatizada em 2008, passou a acumular tarefas adicionais fora da sala de aula. Segundo ela, era responsável por alimentar a plataforma digital com aulas, listas de presença, avaliações e outros materiais didáticos, além de responder dúvidas de alunos, inclusive nos fins de semana.

O instituto alegou que houve apenas uma modernização nas ferramentas de ensino, sem impacto na jornada de trabalho. No entanto, o TRT da 15ª Região entendeu que as novas atribuições ultrapassavam o que se considera atividade extraclasse, prevista nas normas coletivas.

A decisão do TRT chegou a ser revertida pela Quinta Turma do TST, mas a professora recorreu à SDI-1, que restaurou a decisão anterior. O relator do caso, ministro Hugo Scheuermann, destacou que a digitalização do ensino exigiu novas tarefas técnicas e ampliou a carga horária da professora. Segundo ele, essas obrigações não se confundem com a preparação de aulas nem estão contempladas no valor da hora-aula.

“Não houve apenas uma adaptação didática ao ambiente virtual, mas uma efetiva ampliação das funções da docente”, afirmou o ministro. Ele também observou que o contato contínuo com os alunos, fora do horário regular, configura tempo adicional de trabalho.

A decisão não foi unânime: ficaram vencidos os ministros Breno Medeiros, Alexandre Ramos, Aloysio Corrêa da Veiga e a ministra Dora Maria da Costa.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.