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Pesquisa indica onde estão os bons empregos

O desemprego estava em 6,9% no segundo trimestre de 2024, que serve de base de comparação.
O desemprego estava em 6,9% no segundo trimestre de 2024, que serve de base de comparação.

Luiz Flávio

Números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), levantamento feito pelo do Ministério do Trabalho e Emprego, que abrange mais de 97% dos vínculos empregatícios formais do país, mostram que os setores que apresentam os melhores percentuais de bons empregos (que pagam acima de 2,64 salários mínimos) por setor são os de serviços financeiros (87%), saúde e educação pública (74%) e em terceiro lugar, informação e comunicação (60%). Os mesmos setores também se mantêm na mesma colocação no que se refere aos que pagam salários acima da média, mas com os percentuais de 75%,68% e 55% respectivamente.

Os chamados “bons empregos”, que pagam as melhores remunerações, estão diretamente ligados à realidade da economia. Ou seja, setores mais em alta e com melhor performance são os que geralmente oferecem as melhores oportunidades. Um bom emprego, segundo especialistas, é aquele que permitem a uma família arcar com as necessidades básicas de saúde, educação, moradia, alimentação, vestuário e lazer.

Só que as características do mercado de trabalho do Brasil atualmente são marcadas pela elevada informalidade e o desemprego alto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em novembro de 2022, os informais representavam 38,9% da população ocupada e a taxa de desemprego era de 8,1%, com 8,7 milhões de brasileiros desempregados.

Para piorar a situação, os trabalhadores brasileiros têm baixa escolaridade: em 2018, segundo o IBGE, apenas 21% das pessoas com idades entre 25 e 34 anos no Brasil tinham ensino superior completo, contra média de 45% nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que também influencia no nível de rendimentos da população.

Junior Lopes, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Pará (ABRH-PA), diz que as áreas de comércio, tecnologia e construção civil vêm contratando muitos profissionais desde o ano passado no Pará, em razão do retorno de inúmeros empreendimentos retomados no pós-pandemia. “Destacaria ainda a área de finanças e logística que vêm contratando muita mão de obra. No que se refere à melhor remuneração destacaria as áreas de tecnologia e finanças, vindo em seguida as áreas da indústria e construção civil, apesar dessa última ter reduzido bastante as suas taxas de contratação nos últimos anos”.

De acordo com Júnior a contratação no setor da indústria nacional é diferente da realidade vivenciada no Estado do Pará. “Enquanto que no país como um todo o setor industrial vem representando uma desaceleração, aqui em nosso Estado a indústria se destaca e mantêm-se no top five dos segmentos que melhor remuneram aqui”, coloca.

Lopes ressalta que nem sempre os segmentos que geram mais empregos são os que melhor remuneram seus colaboradores. Muitas vezes essa relação é até inversamente proporcional. “As áreas de serviço e comércio geram muitos empregos, mas não oferecem as melhores remunerações, que são mais comumente encontradas na área financeira, no setor público, indústria e o da tecnologia, que oferecem bons salários”, diz.

Já para a administradora Marcia Bentes, professora universitária nas áreas de Administração, RH e Ciências Contáveis, no Pará a realidade dos “bons empregos” segue a mesma linha do Brasil, com os candidatos podendo encontrar as melhores vagas nas áreas de serviços financeiros, Educação e Saúde pública e privada.

“No setor privado, o empregado precisa ter graduação, pós-graduação e experiência, estar disposto a sofrer pressão, cumprir metas e ter inteligência emocional e estar disposto a desenvolver novas habilidades e competências. No setor público o concurso público confere estabilidade, mas existe a possibilidade da contratação de comissionados ou contratados. Nesse último, precisa passar nas diversas fases dos Processos Seletivos Simplificados (PSSs) e ter experiência na profissão e cursos de capacitação que conferem pontuação ao candidato”, detalha.

Já no setor de serviços os “bons empregos” são menores, mas podem abrir portas para o empregado empreender. “Na indústria pode-se conseguir bons empregos, mas a maioria está fora da capital paraense”, diz. Segundo a especialista no momento está havendo muita migração para a região Sul do país. “O investimento na formação acadêmica com cursos de capacitação é sem dúvida, a melhor escolha para galgar boas vagas e boas remunerações. As áreas de saúde, engenharia e tecnologia são as que têm melhores perspectivas”.