Wesley Costa
Nos últimos anos, principalmente devido à pandemia da Covid-19, o trabalho informal cresceu consideravelmente e passou a ser uma realidade cada vez mais presente. No Brasil, por exemplo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma taxa de informalidade de 39,7% entre os meses de junho e agosto de 2022. Na época, o número representava 179 mil trabalhadores informais.
Dados mais recentes do IBGE, destacaram que no Pará havia cerca de 2,52 milhões de trabalhadores informais no trimestre, correspondente aos meses de outubro a dezembro de 2022. Essa realidade é facilmente comprovada ao andar pelas ruas da capital paraense onde trabalham diversos vendedores que, sem carteira assinada e todos os benefícios que a modalidade oferece, lutam diariamente para garantir o sustento de suas famílias.
Quem costuma transitar pela avenida Duque de Caxias, no cruzamento com a travessa Mauriti, no bairro do Marco, certamente observou os famosos chapéus de couro característicos do povo nordestino. Esse é apenas um dos vários tipos de produtos entre bandeiras, camisas e acessórios, que são comercializados por Francisco Silva, 56 anos. Natural do Ceará, o trabalhador conta que há cinco anos vive do trabalho informal.
“Costumo dizer que o trabalhador informal precisa matar um leão por dia. As dificuldades são grandes, tem época em que as vendas estão devagar, mas graças a Deus, a gente sempre consegue no final do dia garantir uma renda para nos manter. Estou aqui há 5 anos e não penso em voltar para a carteira assinada. Meu sonho é conseguir abrir uma lojinha para colocar meus produtos e continuar sendo meu próprio chefe”, diz Francisco.
Há 10 anos, a informalidade também foi a saída que Ednaldo Pereira, 47, encontrou para levar sustento para casa. A venda de frutas e bandeiras nos semáforos da capital paraense é a única fonte de renda da família composta por três pessoas, contou o vendedor ambulante que trabalha várias horas seguidas por dia e que também possui o sonho de montar seu próprio negócio.
“Hoje em dia, o emprego formal não é mais tão atrativo para a gente que já está acostumado nas ruas. Digo isso porque, como ambulante, a gente pega dinheiro todos os dias, mesmo que seja pouco. Aqui é bastante corrido sim, mas quem trabalha direitinho consegue realizar muita coisa, como eu mesmo já realizei e ainda quero realizar”, afirma.
Quem também não pensa em mudar sua rotina para assumir um trabalho formal, é o vendedor de castanha e biscoitos regionais, Dioleno Silva, 32. Há 13 anos, ele começou a oferecer seus produtos em um simples carrinho na avenida Almirante Barroso. Com uma rotina puxada de viagens semanais entre a capital paraense e o município de Capanema, no nordeste paraense, viu seu negócio aumentar.
“São muitos anos de trabalho e também de muitas conquistas. Foi daqui que consegui comprar minha casa, um carro simples que ajuda bastante também nessa rotina e outras coisas. Também sou muito grato porque, além desse carrinho, o negócio de venda das castanhas e biscoitos que é de família, já tem outros dois pontos de venda. Isso é um orgulho e por isso, nunca pensei em deixar tudo para viver de carteira assinada”, diz.