OPORTUNIDADES

O que futuro do mercado de trabalho reserva para os jovens?

Descubra como as transformações atuais afetam os jovens e trabalho. Saiba quais setores oferecem as maiores oportunidades.

Descubra como as transformações atuais afetam os jovens e trabalho. Saiba quais setores oferecem as maiores oportunidades.
Descubra como as transformações atuais afetam os jovens e trabalho. Saiba quais setores oferecem as maiores oportunidades.

Transformações como o envelhecimento da população, as mudanças no padrão de globalização e no padrão de consumo dos brasileiros, assim como a própria crise climática têm impactado diretamente as demandas futuras do mundo do trabalho. A partir de um olhar mais atento a estas mudanças é possível identificar estratégias para se preparar de forma direcionada para as necessidades do mercado. Mas quais são, exatamente, os setores ou carreiras que deverão guardar as maiores oportunidades para os jovens?

Em busca de responder a esse questionamento, o estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras” traçou um perfil das juventudes brasileiras e, mais do que isso, destacou quais são as chamadas economias do futuro, setores promissores para a inclusão produtiva dos jovens.

De acordo com o estudo – que é uma realização do Itaú Educação e Trabalho, Fundação Roberto Marinho, Fundação Arymax, Fundação Telefônica Vivo e GOYN SP, executado pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas – as economias que deverão nortear as oportunidades de trabalho das futuras gerações são a economia verde, a economia criativa, a economia do cuidado, a economia prateada (que concentra atividades que têm como público consumidor pessoas com 50 anos ou mais) e a economia digital. Entre todas elas, destaca-se que a economia digital é, inclusive, transversal às outras, o que aponta para o desafio da ampliação do letramento digital entre os jovens.

A superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue, destaca que, ainda que não se tenha clareza de quais exatamente serão as profissões do futuro, é possível enxergar áreas que vão ser relevantes para a formação dos jovens, as economias do futuro. Por isso, será necessário que os jovens desenvolvam uma habilidade de adaptação e constante capacidade de aprender.

“Ao longo da vida, muitas oportunidades de trabalho vão surgir e isso vai ser impactado pelo desejo de cada um de se direcionar, mas muito pelas oportunidades que vão se abrindo e essas oportunidades são impactadas pela tecnologia, bastante, mas também pela ação humana, por exemplo, na questão ambiental”, contextualiza.

“O que está acontecendo com a questão ambiental é que ela não está estável, muitas coisas vão mudar. No Brasil a gente vai ter que repensar em recomposição de bioma, que é um processo bem complexo. Se a gente quiser sequestrar crédito de carbono e fazer a economia girar também a partir das questões ambientais e climáticas, a gente vai ter que aprender coisas que hoje não estão tão acessíveis para todos os jovens. A tecnologia é uma obviedade, mas a questão ambiental e o que ela vai trazer, o que ela vai propor territorialmente, são coisas mais específicas”.

Também no campo da economia criativa, o que as projeções para o futuro apontam é um impacto cada vez maior do setor no PIB e no consequente crescimento e desenvolvimento do país. “O Brasil é um país de dimensões continentais, que tem uma riqueza cultural enorme e territorializada. Então, a economia criativa é uma frente bastante relevante e importante que deve ser considerada, também, porque isso confere dignidade, isso resgata as nossas raízes”, pontua.

“Outro ponto é observar a curva demográfica. Nós temos uma população que está envelhecendo ativamente, então, você tem novas frentes de trabalho para uma população mais idosa, que está com mais saúde do que antigamente. Então, é uma população que demanda lazer, serviços e que tem um outro lado, também, que é a economia do cuidado”.

Diante desses e de outros cenários, Ana Inoue reforça que é preciso pensar em como será possível preparar a juventude para essa realidade futura, garantindo que ela tenha possibilidade de ter desenvolvimento social, de aumentar a sua renda e de ter opções de escolha sobre o que desejam fazer na vida. “A gente tem que desenvolver políticas públicas para a juventude. E, dentro disso, por exemplo, a educação profissional e tecnológica acaba sendo um vetor importante de desenvolvimento do jovem, basicamente porque faz pro jovem uma coisa muito importante que é a conexão com o mundo do trabalho”.

EVENTO

Essa conexão com o mundo do trabalho e com as oportunidades geradas por esses economias do futuro foram tema do evento “Trampos do Futuro: arte, cultura e educação”, realizado pelo Itaú Educação e Trabalho, organização da Fundação Itaú, e que reuniu cerca de 3 mil participantes nos dias 19 e 20 de fevereiro, na Fundação Bienal, em São Paulo. O evento, gratuito, possibilitou que os jovens tivessem acesso não apenas a oficinas e a banco de talentos com empresas recrutadoras, mas que também tivessem contato com a história de jovens que conseguiram encontrar suas vocações profissionais em uma das economias do futuro.

Um dos fundadores do Movimento 2050 – empresa de arte digital desenvolvida dentro da comunidade do Morro de Santo Amaro, na Zona Sul do Rio de Janeiro -, o artista digital Gean Guilherme, 25 anos, despertou muito cedo para a possibilidade de unir ate e tecnologia e, mais do que isso, fazer dessa junção um caminho profissional a se seguir.

“Eu comecei um projeto durante a pandemia e foi o momento onde eu me descobri artista. Nascido e criado na favela, é muito difícil a gente ter referências no mundo da arte, no mundo tecnológico ao nosso redor. E desde muito cedo eu pude ter acesso a um computadorzinho bem simples por conta do meu pai e me apaixonei por tecnologia”, contextualiza. “E desse projeto que eu criei na pandemia, o Social Crypto Art, eu comecei a me expressar artisticamente e, através dessas artes, a gente conseguiu reverter em grana para comprar alimento para as pessoas que estavam precisando na favela”.

Em um momento em que todo mundo estava discutindo as criptomoedas, Gean percebeu que ele também poderia fazer gerar recursos financeiros a partir das artes que desenvolvia com o auxílio do computador. O trabalho foi ganhando proporção e cada vez mais gente começou a adquirir as obras do artista, convites para participar de exposições surgiram, assim como oportunidades de participação de residências artísticas.

“Eu percebi: ‘Mano, as pessoas estão comprando as obras que eu estou fazendo através da tecnologia, então eu sou artista, mano’. Aí comecei a fazer exposições e a parada foi ganhando força. Hoje, a 2050 é também um coletivo artístico e a junção de arte e tecnologia através da nossa ótica, através da ótica da nossa favela, da periferia”.

FUTURO

Quais são as cinco economias do futuro?

ECONOMIA CRIATIVA

Setor baseado na produção e distribuição de bens e serviços culturais, artísticos e de entretenimento. Inclui indústrias como comunicação, audiovisual, design, mídia digital e artes.

Cenário:

*Emprega cerca de 30 milhões de pessoas, de acordo com a Unesco (2019)

*O mercado global de jogos digitais ultrapassou 180 bilhões de dólares em 2023, segundo o Banco Mundial.

Exemplos de profissões:

Cineastas; Escritores; Designers Gráficos; Ilustradores; Especialistas em Interface e Experiência do Usuário (UX/UI).

ECONOMIA DO CUIDADO

Abrange todas as atividades relacionadas ao bem-estar das pessoas, incluindo saúde, educação, assistência social e serviços domésticos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esta é uma das áreas de maior crescimento global, impulsionada pelo envelhecimento populacional e pela crescente demanda por serviços de qualidade.

Cenário:

*A demanda por profissionais de saúde crescerá 14% até 2028, acima da média global, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

* Até 2030 o setor de cuidado pode gerar cerca de 475 milhões de empregos no mundo, segundo o Banco Mundial (2021).

Exemplos de profissões: Enfermeiros; Cuidadores de idosos; Professores; Assistentes sociais; Designers de tecnologia assistiva; Gestores de serviços de saúde; Pesquisadores em envelhecimento.

ECONOMIA PRATEADA

Refere-se ao mercado voltado para a população 50+, abrangendo saúde, lazer, turismo e produtos adaptados. Com o envelhecimento global, este setor se torna estratégico para o crescimento econômico.

Cenário:

*Em 2050, mais de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, segundo dados do Banco Mundial (2022).

*O mercado de tecnologia para idosos crescerá15% ao ano até2030, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2021).

Exemplos de profissões:

 Geriatras; Fisioterapeutas; Cuidadores; Arquitetos de acessibilidade; Instrutores de atividades físicas para idosos; Planejadores financeiros especializados em aposentadoria.

ECONOMIA DIGITAL

Abrange setores baseados na tecnologia digital, como e-commerce, segurança da informação e inteligência artificial (IA), assim como pode estar a serviço de todos os segmentos, considerando-se o avanço da tecnologia em diversas áreas. Segundo o Banco Mundial, a digitalização é um dos principais motores da produtividade global.

Cenário:

*A economia digital pode representar 25% do PIB global até 2025, segundo o Banco Mundial (2020).

*A demanda por especialistas em IA cresceu 74% entre 2016 e 2021, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2022).

Exemplos de profissões: Desenvolvedores de software; Analistas de dados; Especialistas em cibersegurança; Advogados especializados na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD);  Designers de experiência imersiva; Consultores de transformação digital.

ECONOMIA SUSTENTÁVEL

Inclui setores sustentáveis, como energia renovável, gestão de resíduos e agricultura regenerativa. Visa reduzir impactos ambientais e combater as mudanças climáticas.

Cenário:

*O setor de energia renovável pode gerar 38 milhões de empregos até 2050, segundo Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2020.

*Empresas com boas práticas sustentáveis têm 35% mais chances de crescimento financeiro, de acordo com dados do Banco Mundial (2021).

Exemplos de profissões:

Engenheiros ambientais; Especialistas em energia solar; Gestores de sustentabilidade; Advogados em direito ambiental; Economistas especializados em ESG (sigla eminglês para governança ambiental, social e corporativa); Analistas de impacto socioambiental.

Fonte: Festival “Trampos do Futuro: arte, cultura e educação” – Itaú Educação e Trabalho, organização da Fundação Itaú.