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IBGE: 1,5 milhão trabalha para aplicativos

Robnilson Gonzaga (abaixo), já trabalhou com carro alugado e atualmente usa uma moto sua. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Robnilson Gonzaga (abaixo), já trabalhou com carro alugado e atualmente usa uma moto sua. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Pryscila Soares

No quarto trimestre de 2022, um total de 1,5 milhão de pessoas trabalhava por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços no Brasil. Naquele período, o quantitativo representava 1,7% da população ocupada no setor privado, que chegava a 87,2 milhões. Os dados são do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais, que integra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD – Contínua), divulgados na última quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o órgão, as estatísticas são experimentais, ou seja, estão em fase de teste e sob avaliação. A pesquisa é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT).

No recorte por tipo de aplicativo, 52,2% (778 mil) exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros em ao menos um dos dois tipos listados (de táxi ou excluindo táxi). Em um olhar mais aprofundado, eram 47,2% (704 mil pessoas) os de transporte particular de passageiros (excluindo os de táxi) e 13,9% (207 mil) de aplicativos de táxi.

Já 39,5% (589 mil) eram trabalhadores de aplicativos de entrega de comida e produtos, enquanto os trabalhadores de aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais somavam 13,2% (197 mil).

 

NORTE

No estudo, a região Norte foi destaque pela maior proporção de trabalhadores por aplicativos de transporte particular de passageiros (excluindo os de táxi), que representavam 61,2%, sendo 14 pontos percentuais a mais que a média nacional. A região também foi a que marcou a menor proporção de pessoas que trabalhavam com aplicativos de serviços gerais ou profissionais, 5,6%, menos da metade do índice no país.

A pesquisa apontou ainda que o rendimento médio mensal dos trabalhadores plataformizados (R$ 2.645) estava 5,4% maior que o rendimento médio dos demais ocupados (R$ 2.510).

 

FONTE DE RENDA

Em Belém, com a popularização dos aplicativos de transporte, a atividade se tornou a principal fonte de renda de trabalhadores.

Dentre eles está Rui Teixeira, 48, que há 4 anos começou a atuar como motorista de aplicativo. Casado e pai de três filhos, migrar para a atividade autônoma foi a saída que Rui encontrou após ficar desempregado. Antes, o trabalhador era vigilante e, para ele, o que mais faz falta na atividade informal são os direitos que um trabalhador com carteira assinada possui.

“Me adaptei, por enquanto. Mas tem aquele negócio da falta da segurança de não ter uma carteira assinada, nenhum respaldo. Caso eu me acidente, fico sem trabalhar e sem dinheiro. Hoje trabalho aproximadamente de 10 a 12 horas por dia, com exceção do domingo que trabalho umas 8 horas. Tirando as despesas, o faturamento (mensal) gira em torno de R$ 2.300 a R$ 2.500. Tem que correr muito atrás”, disse Rui, que ainda procura uma vaga de emprego para conciliar com a atividade que exerce hoje.

Já Robnilson Gonzaga, 43, está adaptado ao mercado e não pensa em se empregar com carteira assinada. Ele trabalhou por quatro anos como motorista de aplicativo, utilizando carro alugado. Mas, quando surgiu a oportunidade de realizar o mesmo serviço de transporte por aplicativo com motocicleta, ele não pensou duas vezes em migrar por possuir veículo próprio e considerar ser um custo mais baixo.

“Achei melhor migrar para moto porque vi que saía mais em conta, no meu ponto de vista. Tem os contras, que é pegar sol e chuva, mas isso para mim é normal. Coloquei uma meta diária e só vou para casa quando eu bato, que é fazer R$ 200 por dia. Às vezes é um dia ruim e a gente não consegue, mas agradece a Deus e no outro tentamos de novo”, disse.

“Acredito que o trabalho com carteira assinada não dá muita estabilidade para o trabalhador, porque vemos que uma pessoa que ganha um salário mínimo hoje não vive bem. Sempre tem que procurar extras”, pontua.