Luiza Mello e Carol Menezes
Para quem sonha em ingressar na carreira pública, os concursos previstos para 2023 podem ser a grande oportunidade. Apesar de ainda não haver decisão sobre os órgãos federais que devem abrir novas vagas, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, anunciou que, a partir desta segunda-feira (10), o governo deverá dar início à publicação de autorizações para concursos públicos na administração federal.
Recursos para esta finalidade existem no orçamento da União: em janeiro deste ano, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento Federal para 2023, que prevê R$ 5,345 trilhões para cobrir as despesas da União, incluindo a realização de novos concursos públicos no ano de 2023. “Há previsão no orçamento deste ano para realização dos concursos, que irão priorizar os órgãos com maior déficit de pessoal”, confirmou a ministra.
Esther Dweck confirmou a necessidade de preenchimento de vagas. “Várias áreas estão com dificuldade. Foi um período de muito desmonte, praticamente sem nenhum concurso”, disse, em entrevista aos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Até o fim do ano, segundo a ministra, devem ser anunciados três blocos de concursos públicos para recomposição de pessoal. No final deste mês, encerram-se as inscrições para dois concursos da esfera federal: do BB Tecnologia e Serviços, ligado ao Banco do Brasil, que oferece 138 vagas incluindo de técnico e de analista. Os salários vão de R$2.184,73 a R$4.369,45. As inscrições terminam às 16 horas do dia 25 deste mês.
EXPECTATIVAS
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) encaminhou solicitação para abrir 362 vagas, sendo 264 para cargos para nível de ensino médio e 98 para nível superior, com previsão de salário inicial de R$ 7.474,67 (nível médio) e R$ 15.516,12 (nível superior). Não há ainda previsão para a realização do certame e nenhuma informação sobre data de inscrição. Há também a possibilidade de os Correios realizarem um concurso em 2023. Mas ainda não há definição sobre cargos e vagas, e nem sobre a data para realização do certame.
Entre os concurseiros, há grande expectativa para a realização de um novo concurso da Caixa Econômica Federal (CEF), mas também sem nenhuma informação confirmada. Como nem todos os aprovados do certame de 2014 foram convocados, a legislação brasileira proíbe concursos enquanto os mesmos não forem convocados.
Os sites e blogs especializados em concursos dão como certa a realização de um concurso para preenchimento de vagas no Banco Central do Brasil. De acordo com um desses blogs, o Bacen solicitou à Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoas (SGP), ligada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), autorização para a realização de concurso público. Mas, conforme antecipou a ministra Esther Dweck, não há ainda definição sobre o preenchimento de dados na instituição financeira.
Estão na mesma situação, na expectativa do anúncio do processo seletivo outros órgãos federais, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Nacional de Serviço Social (INSS) e a Polícia Federal (PF).
Não sabe qual certame fazer ainda? Estude mesmo assim!
Todos os dias centenas de pessoas buscam cursos preparatórios a fim de estudar para o que pode lhes garantir a sonhada estabilidade no serviço público. Alguns já estão bem decididos sobre o que querem e o que buscam, outros nem tanto. Isso não impede que esses dois perfis dividam uma mesma busca, afinal é possível otimizar o tempo de preparação antes mesmo de fazer a escolha.
Isso ocorre porque, como a maior parte dos concursos têm matérias em comum — tirando aqueles que são voltados para áreas muito específicas — já é uma opção começar a estudar. Assim, da feita que a decisão for tomada, o candidato já terá boa base construída com as matérias mais comuns em diversas seleções. Adotar essa metodologia pode inclusive se configurar uma vantagem mais à frente, já que será possível então focar os estudos nas disciplinas específicas da sua seleção. Muitas das vezes, elas são as que têm maior peso no edital.
“Existem diferentes perfis de concurseiros em nossa região. Temos aqueles que já sabem exatamente o cargo que desejam ocupar e seguem uma rotina preparatória para alcançar este objetivo. Existem outros que sonham com a estabilidade do cargo público, mas sem ter um foco específico. É neste momento que os orientamos, com a intenção de direcioná-los, de acordo com a expertise de cada um”, detalha Thiego Ferreira, diretor de curso preparatório.
Ele conta que as dúvidas mais comuns são sobre os requisitos exigidos para o exercício do cargo público, como por exemplo grau de escolaridade, exigência de inscrição na Ordem do Advogados do Brasil ou necessidade de prática jurídica, comumente exigidos em certames da área legal.
“Para iniciar os estudos, não é, necessariamente, preciso ter um concurso e/ou cargo público em mente, pois é possível iniciar pelas disciplinas básicas, comuns a grande maioria dos certames, como por exemplo Língua Portuguesa, Informática, Noções de Direito Administrativo e Constitucional”, reforça Thiego. “Ocorre que, com o tempo, esse ‘funil, vai estreitando, e então será necessário avançar para o estudo das disciplinas específicas e, até mesmo, preparar-se de acordo com as peculiaridades da banca examinadora, responsável pela aplicação das provas, o que requer, sem dúvida, um foco específico no cargo desejado”, pondera.
VÍNCULO
Professora de cursos preparatórios e autora, Karina Jaques recomenda para quem quer fazer concurso público por causa da estabilidade, renda e outros benefícios, mas não tem preferência por área, a tentar refletir qual carreira lhe satisfaria mais, ou pelo menos eliminar quais não têm afinidades: carreira policial, carreira jurídica, carreira bancária, etc.
“Justamente porque é importante lembrar que se o candidato passa naquele concurso vai criar um vínculo com a carreira, e é difícil permanecer em um cargo que não lhe satisfaz profissionalmente ou pessoalmente, mesmo que tenha estabilidade e renda. É refletir que estudar para passar em um concurso é um investimento de tempo e dedicação que precisa ter como recompensa um cargo público que represente e coincida com seus interesses ou ideias”, justifica. “Imagina alguém que não gosta de contato com o público fazer concurso para Técnico do Seguro Social do INSS? Ou alguém sensível em relação à violência ingressar na carreira policial? Estas reflexões são importantes e evitam perda de tempo e frustrações”, indica.