ECONOMIA

Estudo divulga impactos da economia criativa na geração de empregos no Pará

Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) busca qualificar e quantificar o setor a partir de dados oficiais

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Estudo divulga impactos da economia criativa na geração de empregos no Pará

A economia criativa é um conceito em evolução, que engloba atividades que vão desde as artes visuais, cinema, música, design, moda, até a tecnologia e a inovação. Um setor com grande potencial para colaborar na diversificação da economia paraense, reduzir a vulnerabilidade econômica e os impactos ambientais. Com esse foco, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas, a Fapespa (Fapespa) lançou a nota técnica “O contexto da economia criativa paraense 2024”. A finalidade é a de dimensionar o escopo da economia criativa do Pará, qualificar e quantificar esse segmento econômico a partir de dados oficiais.
 
O estudo analisa os seguintes setores da economia criativa: Gastronomia; Informática; Atividades Artesanais; Audiovisual; Moda; Ensino e Cultura; Cultura e Lazer; Pesquisa e Desenvolvimento; Edição e Impressão; Publicidade e Propaganda; Artes Performáticas; Arquitetura e Design; Patrimônio; Artes Visuais, Plásticas e Escritas. 

De acordo com a Fapespa, essas atividades têm grande potencial de geração de emprego, renda e exportações, e promovem a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Ao longo da nota técnica, é possível compreender os impactos e evolução dos setores em vários segmentos econômicos do estado.

Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural, da Fapespa, Marcio Ponte, observa que “a economia criativa é um universo de geração de renda em comunidades urbanas e rurais, além de grande empregador, especialmente de jovens e mulheres”. 

“Desse modo, estimular o setor corrobora com práticas sustentáveis, promove a inclusão social e a diversidade cultural, oferecendo oportunidades para grupos marginalizados e minorias. A indústria criativa é também base da preservação e promoção do patrimônio cultural, ao mesmo tempo em que gera valor econômico a partir dele. Com toda esta capacidade, o setor constrói um forte alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, afirma Marcio Ponte.

Mercado de trabalho – A Fapespa informa que, no mercado de trabalho paraense, os empregos formais da economia criativa representaram 3,4% do total de vínculos formais em 2022. Já nos anos de 2012 e 2022, no Pará, identificou-se o crescimento da quantidade de empregos formais ligados ao setor criativo, registrando 33.099 vínculos em 2012 e alcançando 42.931 em 2022, um aumento de 29,7% no período e de 23,9% em relação ao ano de 2021. 

Entre os setores que compõem a economia criativa, o destaque é a “Gastronomia”, com 59,6% de participação dos empregos formais gerados em 2022 e crescendo 38,1% entre 2012 e o último ano analisado. Já “Restaurantes e similares” atingiu a maior participação no ano de 2022, contribuindo com 31,4% dos vínculos formais neste ano, além de apresentar crescimento de 48,7% no período iniciado em 2012. 
 
Na análise por município, a Fapespa aponta que Belém possui o maior estoque de empregos formais na economia criativa, com 51,1% do total de vínculos em 2022 e crescimento de 16,7% na comparação com o ano de 2012.

Os números por Região de Integração (RI) mostram que a RI Guajará, na qual fica a Região Metropolitana de Belém, registrou 59,2% do estoque de empregos formais do setor criativo de todo estado no ano de 2022, apresentando crescimento de 18,6% em relação ao ano de 2012. Contudo, o maior crescimento de vínculos formais no período ficou a cargo da RI Tapajós, com elevação impressionante de 422,7%, demonstrando o potencial da economia criativa da região.
 
“Quando falamos de Economia Criativa, também falamos de cultura e de pessoas. Esse estudo mostra o potencial desse setor para a geração de renda e a formação de uma cadeia produtiva sustentável que respeita a natureza e a característica do nosso povo”, destaca o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

Levando em consideração a estimativa de que a cadeia criativa gera três empregos indiretos para cada um emprego direto, o Pará gerou 14.030 empregos indiretos decorrentes dos 42.931 empregos diretos gerados no setor. 

A atividade de restaurantes e similares, que possuiu a maior participação no estoque de empregos em 2022, gerou 4.400 empregos indiretos no mesmo ano, totalizando 17.863 postos de trabalho gerados ao longo de toda a cadeia produtiva do setor criativo. Belém gerou 7.168 empregos indiretos ao longo da cadeia produtiva em 2022, totalizando 29.100 postos de trabalho. Em seguida, aparecem os municípios de Ananindeua e Parauapebas, com 868 e 778 empregos indiretos, respectivamente. 
 
Empreendimentos – O crescimento da economia criativa entre 2012 e 2022 refletiu no aumento da sua participação no total de estabelecimentos formais no Pará. No período analisado, o número de empreendimentos do setor passou de 3,1 mil para 5,1 mil, o que representou aumento de 66,3%, com tendência de crescimento médio anual de 5,2%. 

No ano de 2022, o setor da “Gastronomia” foi o mais representativo, com 3.325 estabelecimentos, correspondendo a 64,9% do total no Pará. As “Atividades artesanais” ficaram em segundo lugar, com 10,6% de participação, seguidas pelo setor de informática, que contribuiu com 6,5%. Em 10 anos, a gastronomia teve o maior aumento percentual, com crescimento de 91,3% no número de empreendimentos. 
 
Sobre a empregabilidade, a maior parte dos negócios criativos emprega entre 1 e 4 pessoas, correspondendo a 49,7% dos estabelecimentos. Já a análise por município aponta que mais de 70% dos empreendimentos da economia criativa do Pará estavam concentrados em dez municípios em 2022: Belém, Santarém, Marabá, Ananindeua, Parauapebas, Castanhal, Altamira, Paragominas, Redenção, Itaituba. Belém abrigava 38,6% desses negócios. Santarém e Marabá eram o segundo e o terceiro municípios com mais empreendimentos criativos, representando 7,6% e 6,5% do total estadual, respectivamente.
 
Pequenos Negócios – Os pequenos negócios desempenham um papel crucial na economia criativa ao impulsionarem a inovação, a diversidade cultural e o crescimento econômico, consistindo em fontes vitais de empregos, oportunidades de trabalho local e desenvolvimento comunitário. No estado do Pará, do total de MEIs existentes, 17,6% estão vinculados à economia criativa. 

Em relação aos setores criativos do estado do Pará em 2024, temos como destaque a gastronomia, que compreende 42.499 dos 59.470 microempreendedores individuais existentes, ou seja, um percentual de 71,5% em relação ao total de MEIs do estado.


Impactos da Economia Criativa – Considerando a escassez de dados do setor econômico sobre investimentos totais na economia criativa, o estudo analisou os investimentos públicos estaduais. A evolução histórica mostra que o ápice do investimento médio foi nos anos de 2021 e 2022, quando atingiu em torno de R$ 182 milhões. Em 2023, os investimentos permaneceram em patamar bem acima da média de investimentos do período pré-pandemia, que foi de R$ 69 milhões.
 
Conforme a análise da Fapespa, a Prodepa informa que, entre os investimentos estaduais das pastas ligadas diretamente à economia criativa, a Prodepa foi o órgão com o maior nível de investimento, encerrando 2023 com um volume da ordem de R$ 31,9 milhões ou 36% de todo o montante investido pelo governo estadual. A Secult, segundo a Fapespa, vem em segundo lugar, com R$ 23 milhões ou 26% do total investido.

A Fapespa aponta que o setor gera R$ 6,51 para R$ 1 investido, e com isso foi possível concluir que, em 2022, dos R$ 185 milhões investidos pelo governo estadual, foram movimentados cerca de R$ 1,2 bilhão, nas economias locais do Pará. Em 2023, por exemplo, o impacto foi na ordem de R$ 580 milhões nas economias locais do estado, contempladas com esses investimentos.

“Mais uma vez o governo do Estado, através da Diretoria de Estudos e Pesquisas, da Fapespa, lança luzes sobre a economia paraense às vésperas da COP 30, apontando para a potencialidade de um setor diretamente ligado à cultura, ao turismo, à inclusão social e a sustentabilidade, que é a economia criativa”, completa o diretor Marcio Ponte.