Conta a história que o surgimento da igreja está diretamente atrelado ao início da devoção do povo paraense por Nossa Senhora de Nazaré
Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, já recebe grande público Fotos: Mauro Ângelo

Quando se adentra o interior da Basílica Santuário de Nazaré, todos os elementos ricos em detalhes e significados convergem o olhar para o altar que abriga a imagem que deu origem à devoção dos paraenses pela Virgem de Nazaré. Instalada às margens do que, em 1700, era o igarapé Murucutu, a igreja originada a partir de uma pequena ermida passou por várias transformações até que chegasse à bela construção de 20 metros de altura.

Conta a história que o surgimento da igreja está diretamente atrelado ao início da devoção do povo paraense por Nossa Senhora de Nazaré, já que o templo está localizado às proximidades do ponto onde Plácido teria encontrado a imagem, em 1700. Após o achado, Plácido levava a imagem para casa, mas ela retornava ao mesmo ponto do encontro, o que fez com que o devoto construísse uma cermida bem simples para abrigar a imagem no local.

Com o passar dos anos, outras construções foram realizadas até que, em 1852, fosse erguida a Igreja Matriz que, apenas 50 anos depois, daria lugar à Basílica. O século XX marcou uma nova etapa: em 1905, os Padres Barnabitas assumiram a administração da igreja e, poucos anos depois, o padre Luiz M. Zoia propôs a construção de um novo templo, inspirado na Basílica de São Paulo, em Roma. A pedra fundamental foi lançada em 1909 pelo bispo Dom Santino Coutinho, e as obras resultaram no majestoso edifício que se conhece hoje.

O embelezamento de seu interior, porém, ficou por conta do padre Afonso Di Giorgio, também barnabita e cujos restos mortais encontram-se sepultados na Basílica. É a ele que se atribuem os vitrais, mosaicos, estátuas, os altares e até mesmo a fachada que podem ser vistos até hoje no templo. Para que esse embelezamento fosse possível, ele promoveu campanhas entre os fiéis para arrecadar recursos destinados à ornamentação interna.

Ainda antes do término da atual construção, o Papa Pio XI concedeu, em 1923, o título de Basílica à igreja, pela característica de sua construção e em reconhecimento pela devoção mariana. Já a elevação à condição de Santuário ocorreu em 2006, através do então Arcebispo de Belém, Dom Orani João Tempesta.

Neste ano, a Basílica Santuário recebe a programação do Círio de Nazaré após passar por uma grande restauração, a primeira desde que foi inaugurada em 1909.

Confira alguns marcos da Basílica Santuário de Nazaré

1861 – Criação Canônica da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro

A Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro foi criada pela lei municipal nº 386, em 11 de outubro de 1861, sancionada pelo presidente Dr. Francisco Carlos de Araújo Brusques. O primeiro vigário, Padre João Monteiro da Cunha, tomou posse em 27 de fevereiro de 1870, na antiga ermida, enquanto o novo templo era construído ao lado da atual Basílica. Antes disso, a capela estava vinculada à Paróquia da Santíssima Trindade.

1903 – Chegada dos Barnabitas ao Pará

Diante das dificuldades enfrentadas pela Igreja na Europa, a Província Barnabítica Franco-Belga enviou missionários ao Brasil. Após acordo com os bispos de Olinda e Belém, dez religiosos — belgas, franceses e italianos — chegaram aos portos de Belém e Recife em 21 de agosto de 1903. Em Belém, os Barnabitas assumiram o Seminário Arquidiocesano, então instalado no complexo da Igreja de Santo Alexandre, onde permaneceram por oito anos.

1905 – Padres Barnabitas assumem a Paróquia de Nazaré

Em 3 de fevereiro de 1905, os Barnabitas passaram a administrar a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro. A partir do Pará, a congregação expandiu sua presença missionária para estados como Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará e o Distrito Federal.

1909 – Lançamento da Pedra Fundamental

Em 24 de outubro de 1909, foi lançada a pedra fundamental da nova Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. Para a ocasião, foi escrito o hino “Vós sois o Lírio Mimoso”, com letra de Euclydes de Faria e adaptação de Aldebaro Klautau, que acrescentou o estribilho dedicado à Virgem de Nazaré.

1920 – Traslado da Imagem Original para a Basílica

Em 9 de outubro de 1920, a Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré foi trasladada da antiga paróquia para a nova igreja em construção, onde permanece até hoje, no altar do Glória.

1923 – Inauguração do Altar-Mor

O altar-mor da Basílica, principal do templo, foi projetado pelo professor italiano Octavio Grolla, em parceria com o Instituto de Belas Artes de Milão, e construído pelo belenense Antônio Vita. As obras começaram em fevereiro e foram concluídas em julho de 1923. O altar tem cinco metros de largura e é revestido com mármore branco de Carrara.

1923 – Paróquia de Nazaré recebe o Título Basilical

Em 19 de julho de 1923, a então Paróquia de Nazaré recebeu o título de Basílica Menor, a terceira do Brasil, concedido pelo Papa Pio XI. O reconhecimento reforçou a importância espiritual e histórica do templo que abriga a imagem achada por Plácido de Souza, símbolo de fé e devoção do povo paraense.

1924 – Inauguração do Mosaico da Coroação de Nossa Senhora

Em 16 de julho de 1924, foi inaugurado o mosaico da Coroação de Nossa Senhora de Nazaré, encomendado à firma Gianese, de Veneza. A obra celebra a glorificação da Mãe de Nazaré pelo povo paraense.

1953 – Coroação Canônica da Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré

A coroação canônica da Virgem de Nazaré ocorreu em 1953, durante o VI Congresso Eucarístico Nacional, diante de uma multidão reunida na atual Praça Waldemar Henrique. Na ocasião, o Papa Pio XII enviou mensagem radiofônica em português, saudando os fiéis e exaltando a devoção mariana.

A coroa, feita de ouro e pedras preciosas doadas por famílias paraenses, foi confeccionada no Rio de Janeiro, assim como o manto de seda branca com filigranas em ouro, fruto de campanha liderada pelo Padre Afonso.

1971 – Nossa Senhora de Nazaré, Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia

A Lei Estadual nº 4.371, de 15 de dezembro de 1971, sancionada pelo governador Fernando Guilhon, proclamou Nossa Senhora de Nazaré Padroeira do Estado do Pará, conferindo-lhe honras de Chefe de Estado.

2006 – Elevação da Basílica a Santuário Mariano Arquidiocesano

Em 31 de maio de 2006, a Basílica de Nazaré foi elevada a Santuário Mariano da Arquidiocese de Belém, por decisão do então arcebispo Dom Orani João Tempesta. O novo título reforçou a vocação do espaço como destino de peregrinação e fé.

2023 – Centenário Basilical

Em 19 de julho de 2023, a Basílica de Nazaré celebrou 100 anos do título basilical com missas e exposições comemorativas. Na ocasião, foram apresentadas as novas insígnias papais: o Tintinábulo e o Umbráculo. O primeiro, usado para anunciar a presença do Papa em procissões, e o segundo, símbolo de proteção e abrigo, representam a ligação das basílicas com o Vaticano e reafirmam a importância do templo para a fé mariana na Amazônia.

Fonte: Com informações de Basílica de Nazaré. Disponível em: www.basilicadenazare.com.br