Círio de Nazaré

Mães de bebês internados na Santa Casa renovam pedidos

Concurso na Santa Casa oferta 250 vagas. Foto: Divulgação
Concurso na Santa Casa oferta 250 vagas. Foto: Divulgação

As lágrimas de Adriana Matos traduzem o agradecimento de mãe pela saúde da filha, uma bebê que ficou mais de 20 dias internada na UTI da Santa Casa em maio deste ano. A jovem conta que em uma manhã, quando se dirigia ao Banco de Leite Humano para retirar leite materno para a criança, que não conseguia mamar no peito, deparou-se com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Naquele momento, um forte sentimento de fé a levou a pedir pela recuperação da pequena.

“Minha filha ficou internada na UTI porque estava muito grave, e um dia, quando eu vim aqui no Banco de Leite para tirar leite materno pra ela, vi a Santinha e senti o desejo de conversar com ela e aqui mesmo pedi pela minha filha, e disse que se ela saísse daqui curada, eu traria um manto feito por mim. E hoje a minha filha está tão bem que nem parece que esteve tão grave e eu vim pagar a minha promessa trazendo esse presente simples, mas de coração”, conta Adriana, que decidiu pagar a promessa de vestir a imagem com o novo manto um mês antes do Círio.

O manto feito por Adriana se soma a outros ex-votos deixados por mães, pais e familiares dos bebês internados na neonatologia e pediatria da Santa Casa no pequeno altar, localizado na entrada do Banco de Leite Humano da instituição.

Entre as peças que traduzem o sentimento de gratidão das mães estão luvinhas, sapatinhos e touquinhas de bebês. Algumas mães deixam as fitas de promessas e outras também escrevem bilhetes com súplicas e agradecimento.

A técnica de enfermagem Rosa Vongrapp acompanhou o início dessas manifestações há cerca de cinco anos e revela como foi surpreendida.

“Um dia fui mudar as flores e notei que ela estava cheia de papeizinhos dobrados. Fiquei brava achando que estavam colocando lá com preguiça de jogarem no lixo. Mas a curiosidade me fez abrir os papeis e chorei de tão emocionada. Eram súplicas de pai e mãe pela saúde de seus filhos e agradecimentos pela cura e alta que essas crianças tiveram. A partir desse dia passei a arrumar a Santa em cima de uma mesinha, coloco papeis para eles escreverem e as roupinhas são colocadas espontaneamente”, conta, emocionada, a servidora.

A criação de um espaço próximo ao banco e às unidades de internação para as orações é uma forma de também garantir o acolhimento às mães em um momento em que elas vivem um misto de emoções.

“Antes o altar ficava atrás de um balcão, mas quando observamos que muitas mães vinham fazer suas orações, resolvemos colocar a imagem em um local mais visível e espaçoso para que elas se sentissem mais à vontade. Aí se multiplicaram os ex-votos como as luvinhas e sapatinhos deixados junto à imagem, mas esse gesto da mãezinha Adriana, de fazer um manto para a Santinha, foi um gesto inédito”, conta Cynara Souza, coordenadora do Banco de Leite.

Adriana Matos colocou o novo manto na imagem, com a ajuda de Cynara e da técnica de enfermagem Rosa Vongrapp, que além de arrumar o altar (uma mesinha adaptada), também recolhe as pequenas peças e bilhetes para encaminhá-los ao destino adequado.

“As roupinhas levo pra Casa de Plácido para doação e os bilhetes são colocados em uma urna de vidro na Basílica de Nazaré para serem queimados no dia da Missa da Cura, junto com os de outros fieis”, informa Rosa Vonrapp.

Fonte: Agência Pará