TRADIÇÃO

Homenagem feita pela RBA emociona milhares de fiéis na passagem da Santa

 Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

A avenida Almirante Barroso, no bairro do Marco, foi palco de cenas carregadas de emoção e fé, quando a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré fez sua tradicional parada em frente à sede do Grupo RBA, por volta das 9h da manhã desta sexta-feira (11).

Este ato faz parte do Traslado que leva a imagem da Basílica de Nazaré até os municípios de Ananindeua e Marituba. A homenagem, que já se tornou uma tradição há 26 anos, teve a fachada decorada e uma arquibancada montada pela emissora, reunindo funcionários e moradores do entorno. 

Mesmo breve, a passagem da berlinda foi marcada por um clima de emoção profunda por todos em um momento de devoção à Rainha da Amazônia, com cânticos como “Círio Outra Vez”, do Padre Fábio de Melo, que ecoaram no momento em que a imagem parou por alguns segundos diante do prédio o trecho “Ó Virgem Santa, teu povo canta, Senhora de Nazaré; Tu és Rainha, e tens no manto as cores do açaí”, com as mãos estendidas em forma de pedidos e agradecimentos coletivos por proteção e bênçãos.

A imagem peregrina foi recebida, ainda, com aplausos e confetes, em vez da habitual queima de fogos – em respeito às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e aos animais do Bosque Rodrigues Alves –. Camilo Centeno, presidente do Grupo RBA, destacou a sensação da oportunidade de reunir centenas de fieis que, para ele, é um momento de emoção contagiosa.

“É difícil conter a emoção. A passagem de Nossa Senhora aqui é uma bênção para nós. O Círio é isso: emoção, agradecimento e fé, tudo junto. Há 26 anos fazemos essa homenagem e a cada ano é como se fosse o primeiro”, afirmou.

“Sem palavras para agradecer a Nossa Senhora, que vem nos protegendo nessa caminhada e, principalmente, pedir cada vez mais para que ela possa proteger a todos os paraenses; e possa ser o caminho de fé para todos. Para nós [da RBA] é uma honra, temos só gratidão”, expressou o diretor comercial do Grupo RBA, Nilton Lobato. 

Alberto Mendes, mais conhecido como “Capacidade”, do programa Barra Pesada, há mais de 20 anos participa das homenagens prestadas. Este ano, ele entregou ventarolas para aqueles que esperavam no entorno da Almirante Barroso com a travessa Doutor Enéas Pinheiro. “Para mim é um orgulho. Todo ano eu participo, e já se vão 25 anos de casa. Gosto de fazer isso aqui, de distribuir o leque e participar da passagem dela, são momentos de emoção. Espero ter saúde, que Nossa Senhora me dê a cada ano, para estar aqui”, diz.

. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

O repórter Edimar Assunção, já participa da cobertura do Círio pela RBA ao longo dos últimos cinco anos. Ele, que acorda todos os dias às 4h da manhã para começar a tarefa diária no jornal às 6h, na manhã desta sexta-feira teve uma predisposição a mais. “É um trabalho de muita dedicação, onde nos dividimos entre a fé pessoal e a missão de levar informação para quem está em casa. Enquanto estamos ali vivenciando o momento, também precisamos captar os melhores ângulos e histórias para o público. É único”, enfatizou.

A ESPERA DELA

Entre os fieis presentes, ansiosos à espera de Nossa Senhora, a aposentada Nazaré Malcher, de 83 anos, moradora das proximidades, acordou cedo para garantir uma vaga próximo a passagem da berlinda. Para ela, a história com Nossa Senhora de Nazaré, padroeira que marca sua vida desde o nome em comum, a fé se renova a cada ano. “Já recebi tantas graças que não posso deixar de agradecer. O meu filho ficou paralítico e, após muitos pedidos, ele se recuperou. Isso foi há mais de 30 anos, e desde então, venho à frente da RBA desde a primeira vez para vê-la passar e pretendo até quando ela me permitir”, contou Nazaré, acompanhada do esposo Waldemir Malcher, de 88 anos.

Em frente à RBA, romeiros acompanham e seguem a berlinda. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

O autônomo Ronaldo Padilha, 48, saiu de Icoaraci para esperar a imagem passar em frente a RBA. Ele conta que, no ano passado, enquanto ia caminhando para a Basílica, foi em frente à emissora que encontrou com a passagem da Santa e fez um pedido. “Eu pedi pela intercessão de Nossa Senhora para que minha esposa pudesse engravidar. Estávamos tentando há anos, ela tinha complicações, foi um caminho difícil, mas hoje estou aqui para agradecer. Meu filho, Kauê, tem 44 dias e é uma bênção que alcançamos com muita fé”, revelou com lágrimas nos olhos, enquanto segurava uma imagem e um terço durante todo o momento de espera.

Para Patrícia Oliveira, 49 anos, a presença no local também teve um significado especial. Moradora do bairro Umarizal, ela escolheu o ponto em frente a RBA para estar acompanhada, pela primeira vez, por outros fieis e pelas homenagens prestadas. “Semana passada, passei por um susto, com a pressão muito alta, achei que não iria resistir. Pedi a intercessão dela e vim agradecer por esse livramento. É um dentre tantos outros que já vivi”, revelou com os olhos marejados.

A tradição também foi vivida pelo pintor Nadson Pinheiro, 35, que estava com a filha Maria Helisa, de 2 anos, acompanhando a procissão de bicicleta. “Desde que ela nasceu, eu a trago todo ano. Meu pai fazia o mesmo comigo, e agora, sigo essa tradição com minha filha. É um momento único que não consigo descrever”, compartilhou.

O evento foi finalizado com a emoção ainda viva nos corações dos presentes, enquanto a imagem continuava seu percurso de 52,3 km rumo a Ananindeua, levando consigo as preces, agradecimentos e esperanças das centenas de fieis.