O clima do Círio de Nazaré 2024 já toma conta do comércio de Belém, com lojistas e vendedores ajustando suas vitrines para atender à crescente demanda por artigos religiosos.
No ponto de xerox da empreendedora Maria das Graças Marques, 63 anos, que existe há 40 anos na rua João Diogo, esquina com a avenida Dezesseis de Novembro, no Centro Comercial de Belém, é nos meses de agosto a outubro que ganha um nicho diferente: a venda de objetos de cera relacionados às promessas do Círio. Entre os objetos, coração e cabeça são os mais procurados. Ao longo dos meses, uma barraquinha é colocada na rua, e garante, em média, mais de mil produtos vendidos.
“Há mais ou menos 20 anos revendo esses produtos. É o período em que a gente consegue ganhar um dinheiro a mais do que em outros meses, então é sempre bom. Fora que meu marido passou um tempo doente, precisou da UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e foi nesse período que Nossa Senhora de Nazaré passou a significar mais ainda para nós”, diz Maria das Graças, que mantém o negócio apenas por encomenda nos outros meses.
Outros artigos também chamam atenção pela variedade e criatividade. As imagens de Nossa Senhora de Nazaré aparecem em diferentes estilos e materiais. Disponíveis em várias cores e tamanhos, os tecidos personalizados, por exemplo, são sucesso entre os que querem usar algo temático durante o almoço do Círio ou decorar a casa para esperar o evento religioso.
Em uma loja de tecidos situada na rua Treze de Maio, entre a Portugal e Sete de Setembro, a gerente de compras Jamyllys Miranda, 36, conta que é nesse período em que as metas são batidas antes do tempo determinado.
“A gente se programa com meses de antecedência para desenvolver estampas exclusivas para o Círio. Ano passado batemos a meta e superamos ela em 70%, totalizando 170%. Neste ano, a demanda foi maior do que esperávamos, com clientes procurando não só para roupas, mas também para decoração como toalhas de mesa e paineis; já passamos do que foi batido ano passado, e ainda nem estamos em outubro”, explica.
Do outro lado do balcão, Ana Milde Brasil, 58, autônoma, se organizava para o Círio e, além de comprar tecidos estampados para uso pessoal, aproveita para expandir o empreendimento no ramo do artesanato, onde é possível garantir lucros maiores.
“Costumo fazer capas de eletrodomésticos, toalhas de mesa e capas de sousplat com temas do Círio, e já tenho encomendas desde agosto”, comenta. Para Ana, participar da festividade vai além da religião. “É um momento muito importante. A decoração de casa se transforma nesse pe_
ríodo. É especial para reforçar a fé e compartilhar com a família e amigos”.
Mantos, que variam entre R$ 15 a R$ 55, imagens maiores esculpidas tanto em cerâmica quanto em resina, podendo variar de R$80 a quase R$ 400, ou terços, custando a partir de R$ 10, conforme Cleyci Gomes, 30, que trabalha em uma loja de artigos em geral, “são procurados o ano todo, mas em setembro as vendas disparam”. “Vendemos fitas, berlindas, flores, imagens, entre outros itens; o Círio movimenta muito o comércio. As pessoas começam a comprar os artigos religiosos com um mês de antecedência, mas o pico de vendas acontece quando chegamos mais perto da festa”.